Classe média pode economizar R$ 22,7 bi ao ano com mercado livre de energia.
Imagem ilustrativa - Reprodução/internet
Responsável por 70% do
consumo residencial de energia do país, classe média faz parte do “Brasil
esquecido”, por não se enquadrar entre nichos beneficiados por medidas que
reduzem o custo da energia elétrica, segundo a Abraceel.
Os consumidores de energia
de classe média podem economizar R$ 22,7 bilhões ao ano ao aderirem ao mercado
livre. A informação é da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia
(Abraceel). Atualmente, o modelo de liberdade de escolha do fornecedor de
eletricidade só é permitido aos grandes consumidores. Com a abertura do
mercado, o consumidor residencial poderá escolher de quem comprar energia, da
mesma forma que escolhe a operadora de internet e telefonia.
O presidente-executivo da
Abraceel, Rodrigo Ferreira, destaca os benefícios do acesso ao mercado livre de
energia.
“A abertura do mercado dá
direito a estes consumidores a um mercado dinâmico, competitivo, concorrencial para
que eles possam comprar energia mais barata, impactando diretamente as famílias
brasileiras.”
Ivan Camargo, professor de
engenharia elétrica da Universidade de Brasília (UnB), explica que os preços no
mercado livre são mais baratos devido à concorrência.
“Os vendedores de energia,
tendo que concorrer para vender a sua energia, podem levar a um preço mais
barato da energia. Isso vai beneficiar, por consequência, todos os
consumidores.”
“Brasil esquecido”
Atualmente, os consumidores
de energia de classe média estão inseridos no grupo B1 Residencial,
independentemente da demanda e do valor da conta. Segundo o
presidente-executivo da Abraceel, esse grupo — que representa 70% do
consumo residencial do país — faz parte do “Brasil esquecido”, por não se
enquadrar entre os beneficiados por medidas que reduzem o custo da energia
elétrica.
“O Brasil esquecido no mundo
da energia elétrica é um Brasil de consumidores que não têm acesso a nenhum
benefício na compra de energia elétrica. Não têm acesso à concorrência, não têm
acesso a subsídios, não têm acesso ao mercado de geração distribuída solar
fotovoltaica, ou porque não têm telhado ou porque não têm recursos para fazer o
investimento, ou mesmo não têm crédito para financiar esses projetos. Então,
esse é o Brasil esquecido, é um Brasil que paga todas as contas do setor
elétrico — e não tem direito a benefício nenhum, não tem direito a nada.”
Para o professor Ivan
Camargo, é uma questão de tempo até que a classe média seja beneficiada com
acesso ao mercado livre.
“Se a gente vê
historicamente, o acesso ao mercado livre tem aumentado, ou seja, a regulação
está diminuindo a carga das pessoas que podem entrar no mercado livre. Então, é
uma questão de tempo, no meu modo de ver. Daqui a pouquinho a classe média vai
começar a se beneficiar, até pela concorrência das geradoras que estão
renovando seus contratos.”
Criado na década de 1990, o
mercado livre de energia só era permitido para quem tinha uma carga da ordem de
3 megawatts (MW). Ao longo dos anos, o Ministério de Minas e Energia reduziu os
limites de carga para os consumidores aderirem ao modelo. Atualmente o valor
mínimo para entrar nesse mercado é de 500 quilowatts (kW). Em 2024, o mercado
livre estará disponível para todos os consumidores do grupo tarifário A, de
média e alta tensão.
A universalização do mercado
livre de energia é uma das propostas do projeto de lei 414/2021, que estabelece
um novo marco legal para o setor elétrico. O texto ainda está em tramitação na
Câmara dos Deputados e aguarda a criação de Comissão Temporária pela
Mesa.
CDE
A universalização do mercado
livre pode beneficiar até mesmo os consumidores de classe média que
permanecerem no mercado regulado. Isso porque os consumidores de baixa renda
atendidos pela tarifa social poderão ter descontos adicionais de até 10% na
conta de luz ao escolher o fornecedor de energia.
Dessa forma, eles deixam de
precisar dos subsídios da tarifa de geração de energia, custeada pelos demais
consumidores do mercado regulado via Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
“Na medida em que [o
consumidor de baixa renda] compra energia no mercado livre e deixa de ter um
subsídio nessa parcela, que é a parcela de energia elétrica, isso causa um
efeito positivo para os demais consumidores, na medida em que esse desconto
pago na energia elétrica para tarifa social é suportado pelos demais
consumidores.”
Segundo o estudo da
Abraceel, a abertura do mercado de energia poderia reduzir em aproximadamente
R$ 1,4 bilhão o subsídio concedido pelo governo ao grupo B1 Residencial Baixa
Renda. Esse valor é custeado, via CDE, pelos demais consumidores brasileiros.
Em 2023, o orçamento para a CDE foi de R$ 33,4 bilhões.
Fonte: Brasil 61 -
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