Presidente recebe 32 repatriados de Gaza na chegada a Brasília: "Coroamento de trabalho sério".
Voo aterrissa às 23h24 desta segunda-feira e conclui a décima
etapa de resgate de brasileiros da zona de conflito no Oriente Médio.
Abraços, reencontros, agradecimentos e esperança. A aeronave
VC2 da Presidência da República tocou o solo na Base Aérea de Brasília às 23h24
desta segunda-feira (13/11), com o grupo de 32 pessoas repatriadas da Faixa de
Gaza, no Oriente Médio. São 17 crianças, nove mulheres e seis homens: 22
brasileiros e dez palestinos familiares dos brasileiros trazidos no décimo
resgate da Operação Voltando em Paz.
Todos foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e por uma comitiva de ministros e de integrantes do comitê de acolhimento
do Governo Federal. “Eu só queria dizer a vocês que a chegada desse décimo
avião aqui no Brasil é o coroamento de trabalho muito sério que a gente deve a
muita gente", afirmou o presidente, em referência a diplomatas, ministros,
Força Aérea e toda uma articulação mobilizada para garantir o retorno e o
cuidado com os brasileiros da zona de conflito.
Diante dos repatriados, o presidente prometeu manter a
operação enquanto ela for necessária. "Um compromisso: o Governo Federal
vai fazer o que for possível para trazer os familiares palestinos dos
brasileiros que quiserem sair de Gaza. Enquanto houver lista e possibilidade de
a gente tirar uma pessoa, mesmo que seja uma só na Faixa de Gaza, a gente vai
estar à disposição. Não vamos deixar ninguém para trás", disse.
O ministro das
Relações Exteriores, Mauro Vieira, explicou como será a sequência do trabalho,
tanto de repatriação quanto no campo diplomático. “Vamos continuar trabalhando
com as embaixadas em Ramala, Tel Aviv e Cairo, para localizar outros
brasileiros que estejam na região e queiram voltar. Da mesma forma que vamos
continuar trabalhando no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde o Brasil
ocupa uma vaga até dezembro deste ano, para que se possa encontrar uma solução
diplomática negociada que crie um corredor humanitário, uma pausa humanitária,
de modo que possam sair os feridos, os reféns e também os nacionais de
terceiros estados, não só os brasileiros, que estejam em Gaza e que manifestem
o desejo de sair”, disse.
Desde o início do conflito no Oriente Médio, já são 1.477
passageiros e 53 animais domésticos resgatados em cinco aeronaves da Força
Aérea Brasileira. Cerca de 150 militares e 37 profissionais de saúde (13
médicos, nove psicólogos e 15 enfermeiros) se envolveram na logística. Mais de
três mil refeições foram servidas em 315 horas de voo sobre 16 países.
Jovem de 18 anos que foi um dos símbolos do grupo de
brasileiros nesse processo de repatriação, Shadd Albanna desceu do avião
abraçada à bandeira brasileira ao lado da irmã e foi recebida com um longo
abraço pelo presidente Lula. "Não estou conseguindo acreditar que estou
aqui. Estou viva. Feliz, Emocionada de verdade. Não estamos acreditando que
chegamos. Finalmente estamos seguros. É muito bom se sentir seguro. Faz muito
tempo que eu não me sentia assim", resumiu. “A gente chegou a um ponto em
que pensou que não ia mais conseguir sair de lá, que iria morrer e ninguém mais
saberia da gente. Graças a Deus, ao governo brasileiro, ao presidente, à Força
Aérea, à embaixada, a gente está aqui agora".
ACOLHIMENTO - Assim que cruzaram a fronteira entre Gaza e o
Egito no domingo, 12/11, os 32 vêm experimentando mais de perto a hospitalidade
e o acolhimento do Governo Federal. Primeiro, no acompanhamento de
profissionais da Embaixada do Brasil no Egito em um trajeto rodoviário de seis
horas e hospedagem no Cairo.
Depois, no contato com a tripulação e a equipe médica da
Força Aérea Brasileira, além dos serviços de recepção e alimentação montados
especialmente para eles nas rápidas escalas técnicas em Las Palmas, na Espanha,
e em Recife, já em solo brasileiro.
"Tivemos ajuda em todos os momentos, contato direto
mesmo. Não só nessa viagem de volta, mas toda hora nesses 35 dias em Gaza, com
24 horas de suporte para alimentação, recursos, remédio, apoio psicológico,
médico", listou Hasan Rabee, um dos 32 integrantes do grupo. Ele voltou ao
Brasil com esposa e duas filhas.
REDE ARTICULADA - Em solo brasileiro, o trabalho de
acolhimento ganha novos contornos. Um trabalho articulado em várias frentes
pelo Governo Federal garante ao grupo uma estadia de dois dias numa estrutura
da Força Aérea Brasileira em Brasília para que todos tenham um momento de
descanso verdadeiro e alimentação apropriada e adaptada.
No campo da saúde, cinco profissionais foram destacados: um
médico, um enfermeiro e três psicólogos. Duas ambulâncias, inclusive, foram
destacadas para a chegada do voo, para monitorar duas crianças que apresentavam
sinais de desnutrição.
Também haverá auxílio da Polícia Federal para a emissão de
documentos e regularização burocrática para alguns que há tempos não tem raízes
nacionais. A intenção é que todos possam de fato reiniciar a trajetória como
cidadãos brasileiros. As pessoas que cumprirem os requisitos, por exemplo,
poderão solicitar a inclusão nos programas de transferência de renda, como o
Bolsa Família e outros benefícios socioassistenciais.
Das 32 pessoas, 24 serão transportadas em avião da FAB para o
estado de São Paulo daqui a dois dias. Dessas, 12 serão encaminhadas a
familiares que residem no Brasil. Outras 12 serão levadas a um abrigo que o
Governo Federal vai oferecer no interior de São Paulo. Por razões de segurança
dos acolhidos, o local não será divulgado. As demais seguem em voos comerciais,
sendo duas para Florianópolis (SC), uma para Cuiabá (MT) e uma para Novo
Hamburgo (RS). Quatro pessoas ficam em Brasília, pois têm familiares na capital
federal.
“O Governo Federal vai acolher o grupo de brasileiros com uma
equipe multidisciplinar que conta com pessoas do Ministério da Saúde, da
Polícia Federal, do Ministério de Desenvolvimento Social e do Ministério de
Direitos Humanos, além da FAB. Todos juntos para fazer o melhor trabalho de
acolhimento dessas pessoas que passaram por momentos tão difíceis”, explicou o
secretário Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
Augusto de Arruda Botelho.
Conforme o secretário, as crianças devem ser vacinadas nesta
terça-feira (14). “Há muitas crianças que não têm vacina. Serão todas
vacinadas. Esses dois dias em Brasília são de descanso e, também, de conversa,
de escuta, para entender as necessidades de cada pessoa”, completou.
Além dos órgãos de governo, as agências da ONU para
Refugiados (Acnur) e para as Migrações (OIM) também estarão presentes com
equipes que seguem protocolos de recepção de pessoas em zona de conflito,
inclusive com intérpretes.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
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