Brasil: 66 milhões de adultos não têm o ensino médio completo.
Os dados do IBGE também mostram que 30% dos estudantes não
concluem a educação básica. Especialistas destacam a importância de projetos de
ensino flexível, que se adaptem às necessidades do estudante.
No Brasil, 66 milhões de pessoas com mais de 18 anos não têm
o ensino médio completo. Do total de estudantes que iniciam o ensino
fundamental no país, 30% não concluem a educação básica. Esses números mostram
a necessidade de maior investimento em programas educacionais como o como a EJA
- Educação de Jovens e Adultos – para melhorar a formação de jovens e
adultos e, consequentemente, reduzir a evasão escolar no país.
Na rede Sesi (Serviço Social da Indústria), uma nova
metodologia usada na EJA tem apresentado bons resultados em relação à formação
dos estudantes. A rede, que oferece vagas gratuitas, tem a maior taxa de
conclusão do país – 50% superior em relação à EJA pública. Em evento no último
dia 22 de novembro, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
especialistas e parlamentares discutiram a importância de projetos de ensino
flexível, que se adaptem às necessidades do estudante.
Segundo Leonardo Lapa, gerente de Educação Básica do Sesi
Nacional, para evitar a evasão, o Sesi passou a trabalhar com materiais
direcionados a cada aluno e um currículo flexível. O programa também
aposta nas tecnologias para tornar a nova EJA mais acessível. A modalidade
é 80% no formato Ensino a Distância (EaD) e 20% presencial. Segundo o Sesi,
isso permite que os alunos estudem no próprio ritmo, de acordo com a sua
disponibilidade de tempo e espaço. A flexibilidade é importante para
pessoas que trabalham, têm filhos ou moram em áreas remotas, por exemplo.
O programa foi elaborado em colaboração com mais de 3.000
professores e oferece 962 módulos e cadernos. Os alunos podem escolher entre a
formação técnica e profissional e um dos oito itinerários formativos ligados a
segmentos da economia: alimentos e bebidas, construção civil, couros e
calçados, química, madeira e mobiliário, metalúrgica, minerais não metálicos e
têxil e vestuário.
"O material existe em oito versões. Esses são os nossos
itinerários formativos propedêuticos. E por que a gente chama eles de
itinerários formativos: as competências e habilidades que estamos desenvolvendo
nessas oito áreas de concentração são contextualizações para o mundo do
trabalho e para o projeto de vida do estudante", explica Lapa.
O Sesi firmou duas parcerias para promover educação e
qualificação profissional no Brasil. Uma delas é com o governo estadual de Mato
Grosso, por meio da Fundação Getulio Vargas (FGV). A outra é com o Ceará, em
que mais de 2.400 internos de presídios no estado estão cursando a nova EJA.
“A nossa grande meta, ao pensar uma nova EJA que olhasse para
o aluno, para a individualidade dele e que reconhecesse os saberes dele, era
fazer a mudança nessa realidade. E, depois de termos implementado o programa em
mais de 25 estados, depois de mais de 200 mil estudantes terem passado por essa
metodologia, nós temos uma taxa de conclusão de 72% a 82%”, informa.
Lapa reforça que é preciso o aumento de matrículas na EJA
para a geração de novas oportunidades. “Temos 66 milhões de brasileiros que
precisam consolidar sua educação básica. No entanto, as matrículas são menos de
3 milhões – 2,7 milhões em 2022. A partir daí, vemos o tamanho do desafio que a
gente tem”, pontua.
Nova metodologia
Nessa nova metodologia, o currículo da Educação de Jovens e
Adultos do Sesi é organizado por competências e habilidades importantes para o
estudante e para o mundo do trabalho. O programa busca que o aluno conclua o
ensino em até 13 meses, com uma completa formação com foco no mercado de
trabalho.
Durante o evento, coordenadores da Frente Parlamentar Mista
de Educação elogiaram a nova proposta do Sesi e reconheceram a importância da
EJA. Para o deputado Pedro Campos (PSB-PE), “só de a EJA estar na pauta da
educação já é uma vitória”.
“Quando se fala de EJA, se pensa muito no passado, mas eu
gostei muito do tema do evento, porque falar de futuro quando se fala de EJA é
fundamental. Não há futuro deixando as pessoas presas num passado que não deu
certo. Como podemos avançar? Buscar transversalidades, como essa parceria com o
Sistema S e a indústria”, concluiu o parlamentar.
Fonte: Brasil 61 -
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