Brasil tem 11,6 mil adolescentes cumprindo medidas socioeducativas.
Dados nacionais não eram reunidos há seis anos
Depois de seis anos, o Ministério dos Direitos Humanos e da
Cidadania (MDHC) voltou a reunir informações nacionais sobre o atendimento de
adolescentes em restrição e privação de liberdade no país. O Levantamento Anual
do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) foi apresentado
nesta segunda-feira (4), em evento que faz parte da celebração dos 75 anos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro.
Os dados publicados, referentes a este ano, trazem um
panorama dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas no meio
fechado em todos os estados. O levantamento mostra um total de 11.664
adolescentes inseridos ao sistema socioeducativo nas modalidades de restrição e
privação de liberdade, sendo 9.656 em cumprimento de medida socioeducativa de
semiliberdade e internação, 222 em internação sanção e 1.786 em internação
provisória.
Segundo o ministério, desde 2017, a Política Nacional de
Atendimento Socioeducativo não recebia um levantamento amplo de informações. “O
levantamento mostra uma urgência de a gente trabalhar com os dados como uma
prioridade para qualificar o atendimento e garantir que os direitos humanos
desses adolescentes sejam assegurados”, disse a coordenadora-geral das
Políticas Públicas Socioeducativas, Mayara Silva.
A pasta dos Direitos Humanos também apresentou outras ações e
projetos estratégicos voltados à promoção e proteção dos direitos das crianças
e adolescentes. O Programa de Proteção à Crianças e Adolescentes Ameaçados de
Morte (PPCAM), que completou 20 anos de execução em 2023, foi ampliado de 18
para 22 estados, com inclusão de Roraima, Amapá, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Segundo a coordenadora-geral do programa, Denise Avelino, em
Roraima, haverá uma metodologia específica de atendimento das crianças
indígenas, quilombolas, ribeirinhas e imigrantes. "O PPCAM Roraima será um
piloto para que possamos alcançar as especificidades do Brasil", disse
Denise, ressaltando que em 2024 a meta é alcançar todo o Brasil.
Também foi apresentada hoje a reformulação dos sistemas de Proteção à Infância e
Adolescência - Módulo Conselhos Tutelares e do Programa de Proteção à Crianças
e Adolescentes Ameaçados de Morte. As mudanças vão facilitar o registro e
tratamento de informações sobre a garantia e defesa dos direitos fundamentais
preconizados no Estatuto da Criança e do Adolescente.
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio
Almeida, disse que as entregas são fundamentais para dar a base material para
construção de um horizonte de políticas de direitos humanos no país. “Vamos ter
um sistema de informações que vai nos permitir fazer política pública baseada
em evidências. Isso é muito importante depois de um país que virou as costas
para a ciência da maneira mais absurda que se possa imaginar”, comentou o
ministro.
Agência Brasil
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