Segunda parcela do décimo terceiro deve injetar R$ 106 bi na economia.
Compras no comércio devem voltar a predominar nos gastos
Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços
e Turismo (CNC) aponta que, no fim deste ano, o pagamento do décimo terceiro
salário terá totalizado R$ 267,6 bilhões. O montante é 6,2% maior do que os R$
251,9 bilhões pagos ao longo do ano passado, já descontada a inflação.
Considerando a primeira parcela do benefício, paga aos 89,8 milhões de
beneficiários até 20 de novembro, e os descontos incidentes sobre o décimo
terceiro salário, a segunda parcela deve injetar R$ 106,29 bilhões na economia.
O valor médio do benefício equivale a R$ 2.980, revelando,
portanto, avanço real em relação aos R$ 2.882 pagos em 2022.
Após dois anos de direcionamento predominante para o
pagamento de dívidas, em 2023, os gastos no comércio (R$ 37,35 bilhões) deverão
voltar a liderar a intenção de alocação dos recursos oriundos da segunda
parcela do décimo terceiro salário. A quitação e o abatimento das dívidas
deverão consumir 34% dos recursos (R$ 35,97 bilhões), seguidos por gastos no
setor de serviços (R$ 20,31 bilhões) e poupança (R$ 12,66 bilhões).
“Ao contrário dos dois últimos anos, o não predomínio de
gastos na quitação ou abatimento de dívidas se justifica diante da inflexão na
taxa de juros ao consumidor e do comprometimento médio da renda familiar.
Embora o grau de comprometimento da renda médio dos brasileiros permaneça acima
de 30% desde setembro de 2021, já há evidências de recuo desse indicador, de
acordo com dados do Banco Central”, destaca a confederação. Entre setembro de
2022 e o mesmo mês deste ano, houve recuo de 31,4% para 30,3%. A CNC estima
que, em dezembro de 2023, esse indicador se situará em 30,1%.
Para a CNC, esse comportamento deriva da expansão da renda e
do emprego ao longo do ano, bem como do recuo da taxa média de juros nas
operações envolvendo pessoas físicas. Segundo a própria autoridade monetária,
em setembro de 2023, o custo do crédito se situava em 57,3%, indicando
tendência de declínio ante o pico alcançado em maio deste ano (59,7% ao ano).
O maior montante da segunda parcela do décimo terceiro
salário, em relação ao ano passado, se deve ao aumento do nível de ocupação no
mercado de trabalho. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (Pnad), nos 12 últimos meses encerrados no terceiro
trimestre deste ano, o contingente de trabalhadores com carteira assinada no
setor privado cresceu 2,3%, com a geração de 1,14 milhão de novas vagas.
Os trabalhadores na ativa respondem por 57% (50,9 milhões de
beneficiários), enquanto, aposentados e pensionistas totalizam 38,9 milhões,
sendo o valor médio mais elevado aquele pago aos aposentados e pensionistas do
regime próprio da Previdência Social (R$ 6.031) e o menor aos trabalhadores
domésticos (R$ 1.706).
Para o comércio, a concentração da segunda parcela do décimo
terceiro no mês de dezembro representa o período de maior aquecimento das
vendas. Historicamente, a chegada do último mês do ano coincide com um avanço
médio de 25% nas vendas, sendo seu impacto ainda mais significativo em
segmentos como vestuário e calçados (80%), livrarias e papelarias (50%) e lojas
de utilidades domésticas (33%).
No comércio varejista, os segmentos mais impactados pela
injeção da segunda parcela do décimo terceiro salário devem ser os hiper e
supermercados (R$ 17,15 bilhões), o ramo de combustíveis e lubrificantes (R$
6,13 bilhões), lojas de vestuário e calçados (R$ 4,47 bilhões) e produtos de
farmácia, perfumaria e cosméticos (R$ 3,86 bilhões).
Agência Brasil
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