Novas estimativas de receitas do Fundeb 2024 já foram publicadas.
Imagem Ilustrativa - Reprodução/Internet
A previsão total do Fundo é de R$ 287,4 bilhões — um aumento
de 7,3% em relação à última estimativa de 2023, conforme o MEC
O Ministério da Educação (MEC) publicou novas estimativas de
receitas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para o exercício de 2024. A
previsão da receita total do Fundo é de R$ 287,4 bilhões — um aumento de 7,3%
em relação à última estimativa de 2023, conforme a Portaria Interministerial
6/28/12/2023 do MEC/MF. O consultor de orçamento Cesar Lima explica
que, no decorrer do exercício, esses valores podem ser novamente reestimados a
depender da arrecadação do governo.
“Uma melhoria no cenário econômico e na produção, uma queda
na taxa de juros, um aumento das exportações, tudo isso poderá contribuir para
que o fundo aumente ainda mais e possa contribuir e melhorar ainda mais os
valores, os recursos que são utilizados para a educação das nossas crianças”,
avalia.
O professor da Educação Básica da Secretaria de Estado da
Educação do GDF Alessandro Araújo diz que é importante garantir a
aplicação dos recursos de maneira eficiente, em consonância com os objetivos da
educação de qualidade e igualdade de oportunidades para todos os brasileiros.
“O novo Fundeb é a principal fonte de financiamento da
educação básica do país e atua como mecanismo de redistribuição desses
recursos, levando em consideração o tamanho das redes de ensino. E dessa
forma buscando equalizar as oportunidades de educação básica, assim esperamos”,
pontua. “A oferta de vagas de creches dependerá da apresentação dos planos dos
municípios da educação e seu cumprimento”, lembra.
Do total da receita do Fundeb estimada para 2024, R$ 241,5
bilhões referem-se às contribuições dos estados, Distrito Federal e municípios
ao Fundo. A complementação da União, em todas as suas modalidades, totaliza R$
45,9 bilhões.
Impacto na educação
Para o professor da Faculdade de Educação da UnB Luiz
Araújo, no modelo atual essas estimativas podem impactar com um incremento
muito pequeno na manutenção das redes escolares.
“Se você depender apenas do crescimento vegetativo da receita
para resolver o déficit educacional, por exemplo, na educação infantil ou na
escola de tempo integral, você não vai dar conta nem nos próximos 10 anos do
próximo PNE, do plano nacional que seja aprovado este ano de 2024, como não deu
conta nos 10 anos anteriores”, observa.
“Manter a rede com alguma correção inflacionária são para
sonhos mais audaciosos, ou seja, crescimento da oferta, de melhoria da
qualidade, de educação em tempo integral”, complementa o professor da UnB.
O professor da Educação Básica da Secretaria de Estado da
Educação do GDF Alessandro Araújo ainda reforça: “A oferta das vagas em creche
dependerá da apresentação dos planos municipais da educação e o seu
cumprimento. Os gestores precisam elaborar o documento o quanto antes para que
os recursos possam ser aplicados prioritariamente em estrutura carente, visando
aumentar a oferta de vagas”, lembra.
Segundo o professor da UnB Luiz Araújo, também é
importante ficar atento aos valores. “Como os orçamentos municipais, estaduais
são feitos no ano anterior, antes dessa portaria sair, a primeira providência é
verificar se o que está previsto no seu orçamento está maior ou menor do que a
previsão”, alerta.
Ele ainda acrescenta que a qualidade do ensino não depende
apenas da disponibilidade de recursos, pois segundo ressalta, sem recursos
não será possível estabelecer um padrão mínimo para de qualidade.
“Quanto mais recursos o ente federal mais poderoso, que é a
União, coloca para ser distribuído no Fundeb, menor são as desigualdades e
maiores são as possibilidades daquele município oferecer uma educação de
qualidade, pelo menos naquilo que tange a disponibilidade de recursos”,
ressalta.
Alocação dos recursos
A distribuição dos recursos federais será feita da seguinte
forma:
R$ 24,15 bilhões referentes a 10% da complementação federal
alocados pelo Valor Aluno-Ano Fundeb (VAAF) e por estado. Neste ano, 10 estados
e todos os seus municípios serão beneficiados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro.
R$ 18,11 bilhões relativos a 7,5%, do mínimo de 10,5% a ser
alcançado em 2026, distribuídos pelo Valor Aluno-Ano Total (VAAT). Esses
recursos são alocados por rede de ensino a 2.173 municípios.
R$ 3,62 bilhões referentes a 1,5% do que estados, municípios
e Distrito Federal contribuem para os 27 fundos estaduais, e que correspondem à
complementação-VAAR (Valor Aluno Ano por Resultados), da União Fundeb. Serão
2.523 redes municipais de ensino e 13 redes estaduais, em 2024.
A Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra
preocupação com relação a definição do VAAF. Segundo a CNM, a redistribuição
dos recursos do Fundeb 2024 foi realizada com base em novas ponderações
definidas pela Comissão Intergovernamental do Fundeb (CIF). Além de ser
incluído novo fator de ponderação para redistribuição dos recursos do Fundeb
pelo Nível Socioeconômico (NSE) dos estudantes, a Confederação ressalta que a
CIF também alterou as regras de 2024 quanto ao fator multiplicativo para as
ponderações da educação infantil na complementação-VAAT.
A CNM questiona ainda a definição dessas novas ponderações
por meio da Resolução MEC 4/2023 para divisão de recursos do Fundeb 2024, em
razão de não estarem estabelecidos na Lei 14.113/2020, de regulamentação do
Fundeb, os parâmetros para definição das ponderações a serem adotados em 2024,
o que pode implicar insegurança jurídica, com possível judicialização.
Fonte: Brasil 61 -
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