Governo é contra proposta que pode privatizar acesso a praias. Ministro diz que vai trabalhar para suprimir trecho da PEC.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
afirmou, nesta segunda-feira (3), que o governo é contra a proposta que permite
a privatização de áreas de acesso às praias brasileiras e vai trabalhar para
suprimir esse trecho no projeto que tramita na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) do Senado. “Do jeito que está a proposta, o governo é contrário a
ela”, disse, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no
Palácio do Planalto.
A proposta de emenda à Constituição (PEC) que transfere a
propriedade dos terrenos do litoral brasileiro do domínio da Marinha para
estados, municípios e proprietários privados voltou a ser discutida no último
dia 27 de maio, em audiência pública no Senado. Aprovado em fevereiro de 2022
na Câmara dos Deputados, a PEC estava parada na CCJ do Senado desde agosto de
2023.
Visibilidade
“O governo é contrário a esse programa de privatização das
praias brasileiras que vai cercear o acesso da população brasileira às praias e
criar verdadeiros espaços privados, fechados. Vamos trabalhar contrário na CCJ,
tem muito tempo ainda para discutir na CCJ, vamos explicitar”, reforçou. “Acho
que a sociedade pode participar ativamente, vai participar ativamente. Foi
feita a audiência pública que, de uma certa forma, teve uma coisa positiva que
deu visibilidade ao tema. Teve até Luana Piovani e Neymar discutindo sobre
isso”, acrescentou Padilha.
Nos últimos dias, repercutiu nas redes sociais o debate em
torno do tema, com posicionamentos da atriz Luana Piovani contra a medida e do
jogador de futebol Neymar Júnior a favor da PEC.
Sob relatoria do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a PEC gera
divergências. Organizações ambientalistas alertam que a aprovação da proposta
pode comprometer a biodiversidade do litoral brasileiro, enquanto o relator
defende que a mudança é necessária para regularizar as propriedades localizadas
nos terrenos da Marinha e que as áreas geram prejuízos aos municípios.
A PEC exclui o inciso VII do artigo 20 da Constituição, que
afirma que os terrenos de Marinha são de propriedade da União, transferindo
gratuitamente para os estados e municípios “as áreas afetadas ao serviço
público estadual e municipal, inclusive as destinadas à utilização por
concessionárias e permissionárias de serviços públicos”. Além das praias, a
União detém a propriedade de margens de rios e lagoas onde há a influência das
marés.
Para os proprietários privados, o texto prevê a transferência
mediante pagamento para aqueles inscritos regularmente “no órgão de gestão do
patrimônio da União até a data de publicação” da emenda à Constituição. Além
disso, autoriza a transferência da propriedade para ocupantes “não inscritos”,
“desde que a ocupação tenha ocorrido pelo menos cinco anos antes da data de
publicação” da PEC.
Ainda segundo o relatório do senador, permanecem como
propriedade da União as áreas hoje usadas pelo serviço público federal, as
unidades ambientais federais e as áreas ainda não ocupadas.
Agência Brasil
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