Região Nordeste piora 0,69% no cenário de perdas de distribuição de água.
Novo estudo do Instituto Trata Brasil mostra que a
macrorregião foi a que mais apresentou piora no último quinquênio de dados do
SNIS, 2018–2022.
O Brasil ainda apresenta perdas significativas no processo de
distribuição de água, principalmente ao se comparar as suas diversas
macrorregiões. A constatação é do Instituto Trata Brasil que, em recente
pesquisa, revela que o Nordeste foi a região que mais apresentou piora no
último quinquênio de dados do SNIS, 2018–2022 – um aumento de 0,69%.
A presidente executiva do Trata Brasil, Luana Pretto,
acredita o Nordeste é uma das localidades que devem enfrentar os maiores
desafios para reduzir seus índices de perdas.
“São hoje 7.600 piscinas olímpicas de água tratada perdida
diariamente, que poderia abastecer 54 milhões de brasileiros em um ano. A gente
tem regiões onde essa perda é maior. O Nordeste, por exemplo, piorou o seu
índice de perdas no último ano, foi de 46,1% para 46,6%”. Ela ainda continua:
“A gente precisa investir mais e priorizar este tema da
redução de perdas de água, principalmente num cenário de mudanças climáticas,
onde o regime de chuvas está cada vez mais alterado”, alerta.
Ao longo do período analisado, Luana Pretto observa que não
houve nenhuma evolução considerável nos indicadores de perdas sob a perspectiva
macrorregional. “Pelo contrário, a tendência é de estagnação, com poucas
exceções”.
Na opinião da advogada e presidente da Comissão de Saneamento
do Conselho Federal da OAB, Ariana Garcia, o país é diverso e não se deve
tratar o saneamento da mesma forma, considerando suas dimensões e diferentes
problemas em cada região.
“Às vezes, até dentro da mesma região, de estado para estado
e dentro dos estados há diferenças, inclusive de municípios para municípios.
Fazer um tratamento meio que uniforme sobre saneamento considerando tudo isso é
impossível. Quem estiver defendendo as mesmas ações para tudo demonstra só
desconhecer de saneamento”, analisa.
Perdas na distribuição de água no Brasil
Conforme o estudo do Trata Brasil, no país, ainda existem
cerca de 32 milhões de pessoas que sofrem com a ausência de água tratada. A
situação torna-se ainda mais preocupante quando analisado o elevado índice de
perdas na distribuição, em que 37,78% da água é perdida antes de chegar às
residências brasileiras. Se comparado com os países desenvolvidos, o Brasil
apresenta um cenário de perdas de água tratada desfavorável, ocupando a 78ª
posição em uma lista com 139 nações analisadas.
O estudo aponta que o volume total de água não faturada em
2022 (cerca de 7,0 bilhões de m³) equivale a quase 7.636 piscinas olímpicas de
água tratada desperdiçadas diariamente ou mais de sete vezes (7,1) o volume do
Sistema Cantareira – o maior conjunto de reservatórios do estado de São Paulo.
De acordo com o levantamento, nessa perspectiva, a Região
Nordeste, além do pior índice no cenário de perdas na distribuição de água,
também está entre as que possuem os piores indicadores de atendimento de água,
de coleta e de tratamento de esgotos.
Fonte: Brasil 61 -
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