Mulher descobre pano deixado na barriga dois anos após cirurgia no intestino.
Paciente de Cubatão (SP) foi
pega de surpresa com o pano dois anos depois da cirurgia de retirada de um
tumor no intestino.
Dois anos após passar por
uma cirurgia para retirar um tumor no intestino, uma moradora de Cubatão (SP)
descobriu que um pano havia sido esquecido na região da barriga dela durante a
operação. Conforme apurado pelo g1 neste sábado (27), o objeto saiu pela
abertura da barriga da mulher onde fica a bolsa de colostomia, que foi colocada
em 2022.
Maria Luciene Vidal, de 58
anos, está internada no Hospital Beneficência Portuguesa de Santos para os
cuidados necessários após a descoberta. De acordo com a filha dela, Stefany
Vidal, de 24 anos, a equipe médica avalia se a mulher precisará passar por uma
nova cirurgia, já que o pano de 20 centímetros foi retirado do organismo dela
na segunda-feira (22).
Maria foi internada no final
de 2023 após apresentar os mesmos sintomas de quando descobriu o câncer em
2022, como perda de peso e dores abdominais. Stefany contou que a desconfiança
era de que a doença tinha voltado. Porém, os exames não constataram nada
durante meses.
Descoberta do pano
No último sábado (20), um
material começou a sair pela bolsa de colostomia e a família procurou ajuda
médica novamente. De acordo com a filha, os médicos pensaram que eram fezes
ressecadas, mas a mulher foi internada no dia seguinte para avaliação de um
cirurgião.
Foi uma médica que estava
fazendo residência no hospital que começou a desconfiar do material na bolsa de
colostomia. “Ela viu, achou estranho e começou a puxar, daí viu que era um
pano. Então ela chamou o supervisor dela, o cirurgião. Ele avaliou e colocou a
mão, daí começou a puxar e era um pano bem grande, por sinal”, disse a Stefany.
A filha contou ao g1 que os
médicos tiraram aproximadamente dez centímetros do material de dentro do corpo
de Maria na primeira vez que puxaram e mais dez na segunda.
“O primeiro sentimento foi
raiva, porque só quem já teve um parente com câncer sabe como é difícil. A
gente achou que o câncer estava voltando. A cabeça já não estava boa, mas
descobrir que era um pano dentro dela dá raiva, porque era para ela ter seguido
bem”, afirmou Stefany.
A família pretende acionar
uma advogada para tomar as providências legais sobre o caso na Justiça, mas
antes priorizará a saúde de Maria, que segue internada.
“A gente quer pegar o
prontuário de quando ela foi internada há dois anos porque vai ter tudo e esse
vai ser o nosso embate. Mas, por enquanto, eu quero mesmo que ela saía do
hospital e fique bem”, disse a filha.
Câncer
Quando Maria Luciene Vidal
descobriu o câncer no intestino em 2022, a doença já estava em estágio
avançado. Por isso, o primeiro passo do tratamento foi a cirurgia. “Ela teve
que colocar aquela bolsa de colostomia e ficou bastante tempo na UTI [Unidade
de Terapia Intensiva]”, disse a filha.
Em seguida, a mulher foi
submetida a sessões de quimioterapia e passou a se recuperar. “Ela foi ganhando
o peso de novo e ficando muito bem. Ainda acabou com a colostomia, mas é um
detalhe, o importante é que estava bem”, afirmou a jovem.
Desde então, Maria é
acompanhada por uma médica e relatou para ela os sintomas que voltou a sentir
em novembro de 2023. No entanto, ninguém desconfiava de que era um pano
esquecido.
Hospital
Em nota, o Hospital
Municipal de Cubatão lamentou o caso e se colocou à disposição para prestar a
assistência necessária e acolher a paciente e os familiares dela.
A instituição informou que o
procedimento ocorreu em 29 de julho de 2022, mas o hospital só teve
conhecimento sobre o caso nesta semana. “À época, a administração do HMC não
era de responsabilidade da atual gestora”.
“O cirurgião médico
responsável pelo procedimento também não faz mais parte do corpo clínico que
atua no hospital, desde que a Sociedade Brasileira Caminho de Damasco (SBCD)
assumiu a gestão. Vale ressaltar, ainda, que desde março de 2023, quando passou
a operacionalizar o HMC, a SBCD implementou uma série de protocolos de
segurança e promoveu ações de capacitação profissional para toda a equipe
assistencial”.
Por Ágata Luz, g1 Santos
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