DENGUE: Plano de ação é antecipado.
Ministério da Saúde anuncia novo plano para combater o
mosquito antes do período usual. Controle do vetor e tecnologia são armas
usadas.
Dizem que prevenir ainda é melhor que remediar. No caso da
dengue, a prevenção é a única saída e, este ano, os cuidados começaram mais
cedo. Um novo plano de combate à doença está previsto para ser lançado este mês
pelo Ministério da Saúde e vai envolver controle dos vetores e uso de inovações
tecnológicas.
A ação veio depois que autoridades do Ministério da Saúde anunciaram,
em maio, que em função das mudanças climáticas, a próxima epidemia de dengue
poderia vir ainda mais cedo — o que poderia acontecer já em novembro deste ano.
Pensando nisso, a pasta se antecipou. A estratégia prevê o controle do mosquito
e o uso de mosquitos modificados geneticamente para bloquear a transmissão da
doença, conhecido como método Wolbachia.
Em nota, o Ministério da Saúde informa que o Plano de
Resposta às Arboviroses tem o objetivo de implementar novas tecnologias de
controle vetorial nos municípios brasileiros, de maneira escalonada,
considerando o perfil epidemiológico e a população sob risco, preparar a rede
de atenção à saúde para atender os casos durante epidemias e garantir o
abastecimento de insumos para diagnóstico, assistência e controle vetorial.
Para o sanitarista e professor da Universidade de Brasília,
Jonas Brant, esse é o momento correto de agir. “Por que os ovos do mosquito
permanecem no ambiente quando seca, ele fica esperando a chegada das chuvas.
Quanto antes começarem as atividades no período seco, eu garanto que quando
começar a chover eu tenha menos recipientes naquele ambiente, assim, é possível
atrasar o crescimento da população de mosquitos e também o aumento do número de
casos.”
Método Wolbachia
Uma das estratégias previstas pelo Ministério é o chamado
Método Wolbachia — que consiste em introduzir a bactéria Wolbachia nos
mosquitos. O microorganismo bloqueia a transmissão do vírus para o ser humano e
altera o ciclo reprodutivo do Aedes Aegypti.
Como a dengue precisa de um intermediário — o mosquito — para
se propagar, a identificação dos locais onde ainda há transmissão do vírus
nesta época do ano é fundamental para o controle da doença, explica o
sanitarista.
“Nessas regiões, é preciso gastar um esforço muito maior
nesta época do ano para evitar o início de uma epidemia”, reforça Brant. A
antecipação das ações permite que, com a chegada das chuvas, já esteja montada
uma organização efetiva para conter o início da transmissão e o controle do
número de casos.
Vacina
Em entrevista do Estadão, a ministra da Saúde Nísia Trindade
disse que a vacinação não é o principal ponto deste novo plano.
“A vacina é uma estratégia que vamos continuar a utilizar,
mas não é a principal estratégia para 2025. Pode ser que venha a ser em 2026, a
depender do desenvolvimento da vacina do Butantan. E podendo aumentar (a
aquisição de doses) da Takeda, certamente aumentaremos.”
O imunizante contra a dengue começou a ser aplicado num
público restrito este ano — jovens de 6 a 16 anos. Mas em função da baixa
disponibilidade das doses oferecida pelo fabricante, o alcance não pôde ser
maior. Este ano o governo federal comprou 6,5 milhões de doses e outros 9
milhões devem ser usados em 2025.
A produção nacional pelo Instituto Butantan é vista com
otimismo, mas o processo ainda deve demorar, avalia a ministra. “Eu diria que
nossa aposta maior, mas falo isso com cuidado, porque ainda nem foi submetida à
Anvisa, é a vacina do Butantan, que de fato mostrou excelente resultado em
estudos clínicos. Vamos trabalhar com o Butantan esse cronograma.”
Cuidados precisam continuar
Em 2024, o Brasil viveu a pior epidemia de dengue da
história. Foram 6,5 milhões de casos prováveis da doença, segundo o Ministério
da Saúde e mais de 5,2 mil mortes — a maior parte delas entre fevereiro e abril
— no período de aumento das chuvas.
Na 35ª semana epidemiológica, o número caiu para 3.938 casos
prováveis da doença. Mas nem por isso dá para descuidar. Mesmo com o número de
casos em baixa, a nutricionista Nathalia Mariath, moradora do Distrito Federal,
conta que está sempre atenta para evitar infecções.
“Vem um rapaz de mês em mês aqui em casa fazer uma vistoria
para ver se tem vasinho com água, verifica se a piscina está limpa e coberta.
Além da fiscalização, essa equipe ainda dá orientações” explica a moradora do
bairro Taquari, na zona norte do DF.
Fonte: Brasil 61 -
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