Congresso promete ao STF identificar todos os padrinhos de emendas.
Compromisso foi encaminhado ao ministro Flávio Dino
As mesas diretoras da Câmara e do Senado enviaram ao ministro
Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), um documento em que se
comprometem a identificar todos os parlamentares responsáveis por indicar a
destinação de emendas ao Orçamento da União, bem como os beneficiários dos
repasses.
Ambas as casas legislativas prometeram que, do exercício
financeiro de 2025 em diante não será mais possível empenhar emendas sem a
identificação de padrinho e beneficiário final, principal problema apontado
pelo Supremo na execução de emendas orçamentárias.
A falta de transparência na liberação de emendas levou a um
impasse com o Supremo, que impôs critérios mais rígidos para que os repasses
pudessem ser feitos. Diante do impasse, a Lei Orçamentária Anual de 2025 (LOA)
ainda não foi aprovada pelo Congresso.
O plano conjunto foi apresentado a Dino, relator do tema no
Supremo, na véspera de uma audiência de conciliação convocada pelo ministro
para avaliar a execução das medidas de controle e transparência determinadas
por ele, e pelo plenário da Corte, desde 2022.
O Plano de Trabalho Conjunto foi enviado ao Supremo após
acordo com o governo federal. A Advocacia-Geral da União (AGU) também informou
ao ministro Flávio Dino sobre medidas para aprimorar a transparência em
sistemas mantidos pela União para divulgar a execução do Orçamento, com a
inclusão do nome dos parlamentares responsáveis por cada emenda liberada.
Segundo a AGU, o plano conjunto tem como objetivo “aprimorar
a interface entre os sistemas dos poderes Executivo e Legislativo na execução
das emendas, aprimorando o trâmite administrativo e facilitando o controle
social e o acesso público às informações”.
O governo federal também prometeu empenho na fiscalização da
execução orçamentária.
Mudança de regra
O plano aborda, em especial, as emendas individuais de
transferência, as chamadas emendas Pix - identificada nos sistemas
orçamentários pela sigla RP6 -, de bancada estadual (RP7), de comissão (RP8) e
as emendas de relator, que deram origem à expressão “orçamento secreto” (RP9).
As duas Casas prometeram aprovar uma mudança na resolução que
disciplina a proposição de emendas parlamentares, de modo a adequar as regras e
cumprir a determinação do Supremo de identificar cada congressista responsável
por indicar emendas, incluindo as de comissão e de bancada.
Segundo o plano, a indicação de cada emenda precisará
obrigatoriamente ser acompanhada de ata de deliberação na respectiva comissão
ou bancada partidária e estadual, bem como de planilhas indicando quem propôs
cada destinação dos recursos e o beneficiário.
A medida visa impedir o chamado “rateio” de emendas em
comissões, quando uma emenda genérica acaba sendo dividida entre diferentes
destinos sem que seja identificado o parlamentar que fez a indicação.
De acordo com as informações da Câmara e do Senado, as
emendas apresentadas ao Orçamento de 2025 já foram feitas sob o novo modelo,
mesmo antes da mudança na regra.
Restos a pagar
Em relação aos restos a pagar de 2024, cada comissão
permanente do Congresso deverá novamente deliberar sobre cada empenho de
emendas de comissão, ratificando ou não a destinação dos recursos, até o dia 31
de março.
O resultado das deliberações deverá ser divulgado em cinco
dias pela Comissão Mista do Orçamento (CMO), informaram a Câmara e o Senado.
Os restos a pagar de 2023 e anos anteriores também devem ter
seus padrinhos e beneficiários identificados, por meio de atualizações no
Registro de Apoio às Emendas Parlamentares, sistema que deverá ser aprimorado
em 30 dias, a partir da homologação do plano de trabalho pelo Supremo.
Em dezembro, o ministro Flávio Dino bloqueou, por exemplo, a
execução de ao menos R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão que não teriam
cumprido critérios de transparência para sua execução, por não permitirem
identificar o político que indicou a emenda ou o beneficiário final da
transferência de recursos.
O total destinado a emendas parlamentares no Orçamento de
2025 chega a R$ 52 bilhões, uma alta em relação a 2024, quando a cifra foi de
R$ 49,2 bilhões. Há dez anos, em 2014, esse valor era de R$ 6,1 bilhões.
Agência Brasil
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