Fazenda lança plataforma para saque de antigo Fundo PIS/Pasep. Há cerca de R$ 26 bilhões esquecidos pelos trabalhadores.
O Ministério da Fazenda lançou nesta segunda-feira (10) a
plataforma que permitirá a cerca de 10,5 milhões de trabalhadores com carteira
assinada antes da Constituição de 1988 ou herdeiros deles sacar o dinheiro do
antigo Fundo do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação
do Patrimônio do Servidor Público (Pasep). O lançamento era esperado há quase
seis meses.
Chamada de Repis Cidadão, a plataforma permite consulta e o
saque de até R$ 26 bilhões esquecidos pelos trabalhadores no fundo extinto em
2020.
Segundo a Fazenda, os primeiros ressarcimentos serão pagos no
próximo dia 28.
Como acessar
Para entrar no Repis Cidadão, o trabalhador ou herdeiro
precisará ter conta no Portal Gov.br nível prata ou ouro. A plataforma
unificará as informações para a retirada do dinheiro, com orientações
específicas para herdeiros ou beneficiários legais.
Além da nova página na internet, a consulta continua a ser
feita no Aplicativo FGTS, da Caixa Econômica Federal.
No ano passado, a Agência Brasil mostrou que o atraso no
desenvolvimento da plataforma tecnológica havia paralisado os saques no antigo
Fundo PIS/Pasep, extinto em 2020 e incorporado ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) no mesmo ano.
Em agosto de 2023, os recursos esquecidos foram transferidos
ao Tesouro Nacional para reforçar as contas públicas do governo, como
determinado pela Emenda Constitucional da Transição.
Uma portaria editada pelo Ministério da Fazenda em junho do
ano passado fixava, para o fim de outubro, o prazo para a conclusão do sistema
tecnológico que vai operacionalizar os pagamentos das cotas em poder do Tesouro
ao trabalhador.
Na ocasião, a pasta também informou que a Caixa Econômica
fará os pagamentos após a conclusão da plataforma.
Histórico
Criado para complementar a renda dos trabalhadores com
carteira assinada entre 1971 e 1988, o antigo Fundo PIS/Pasep não tem relação
com o abono salarial do PIS/Pasep, instituído pela Constituição atual e pago
todos os anos pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil.
Semelhante ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o
dinheiro do antigo Fundo PIS/Pasep só podia ser sacado em situações especiais,
como aposentadoria ou doença. No entanto, uma vez por ano, o trabalhador
recebia os juros e a correção das cotas do fundo.
No entanto, muitos trabalhadores se esqueceram desse dinheiro
ou não sabiam da existência dele, mesmo com maciças campanhas na mídia.
Em agosto de 2018, o governo liberou o saque das antigas
cotas. Por oito meses, o dinheiro pôde ser retirado nas agências da Caixa (no
caso do PIS) e do Banco do Brasil (no caso do Pasep). Na ocasião, havia R$ 35
bilhões que poderiam ser resgatados.
Em 2019, o governo anterior flexibilizou as regras e
simplificou o saque por herdeiros e beneficiários legais de pessoas falecidas
que tinham cotas no antigo fundo.
Em abril de 2020, no início da pandemia de covid-19, o
governo editou uma medida provisória que extinguiu o antigo Fundo PIS/Pasep e
transferiu os recursos à conta do FGTS em nome do trabalhador. Em vez de ir a
uma agência bancária, bastava o titular ou herdeiro requerer o dinheiro por
meio do aplicativo FGTS, que transferia o saldo para qualquer conta bancária
indicada pelo beneficiário.
Na verdade, o saque das cotas do Fundo PIS/Pasep começou em
2017, mas era restrito a pessoas com mais de 60 anos. Na ocasião, cerca de 4,8
milhões de cotistas resgataram R$ 6,6 bilhões.
Com a ampliação do saque, em 2018, o número de pessoas que
poderiam sacar subiu para 23,8 milhões, que tinham R$ 35,7 bilhões a receber.
Em 2019, restavam 10,8 milhões de trabalhadores para sacar as cotas do PIS e
cerca de 30 mil para retirar as cotas do Pasep.
Apesar de intensas campanhas na mídia, quando o dinheiro foi
transferido ao Tesouro, em agosto de 2023, 10,5 milhões de trabalhadores e
aposentados ainda não tinham sacado R$ 26,3 bilhões.
O valor equivale aos R$ 25,2 bilhões transferidos em 2020
mais os rendimentos do período em que o dinheiro ficou nas contas do FGTS. Cada
cotista tem, em média, direito a R$ 2,4 mil, segundo o Conselho Curador do
FGTS.
Documentos necessários
Caso o saque seja pedido pelo próprio titular, basta
apresentar documento oficial de identificação. Caso as cotas sejam requeridas
por herdeiros, dependentes e sucessores, além do documento oficial de
identificação, é necessário apresentar a certidão PIS/Pasep/FGTS ou carta de
concessão – pensão por morte previdenciária e sua relação de beneficiários,
emitida pela Previdência Social.
Os sucessores também podem apresentar, no lugar da carta de
concessão, um dos seguintes documentos: declaração de dependentes habilitados à
pensão emitida pelo órgão pagador do benefício; autorização judicial; escritura
pública assinada por todos os dependentes e sucessores, se capazes e
concordantes.
No caso da escritura pública, é necessário atestar por
escrito a autorização do saque e declarar não haver outros dependentes ou
sucessores conhecidos.
Agência Brasil
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