Após fraude no INSS, Lupi pede demissão do Ministério da Previdência.
Atual secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz assume
cargo
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, acertou sua saída do
cargo, nesta sexta-feira (2), após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Em seu lugar, o Palácio do Planalto anunciou ex-deputado
federal Wolney Queiroz, atual secretário-executivo da pasta. O agora
ex-ministro, que é presidente nacional do PDT, anunciou a saída do governo em
uma postagem nas redes sociais.
"Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi
citado em nenhum momento nas investigações em curso, que apuram possíveis
irregularidades no INSS. Faço questão de destacar que todas as apurações foram
apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos
órgãos de controle do governo Lula. Espero que as investigações sigam seu curso
natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram
suas funções para prejudicar o povo trabalhador", escreveu Lupi.
Segundo o Planalto, a exoneração de Lupi e a nomeação de
Wolney serão publicadas ainda nesta sexta em edição extra do Diário Oficial da
União (DOU). A troca no comando do Ministério da Previdência ocorre uma semana
após a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagrarem
uma operação conjunta que apura um suposto esquema de descontos não autorizados
de mensalidades associativas em benefícios do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS).
A investigação aponta que as irregularidades começaram em
2019, durante a gestão de Jair Bolsonaro, e prosseguiram nos últimos anos.
"Continuarei acompanhando de perto e colaborando com o
governo para que, ao final, todo e qualquer recurso que tenha sido desviado do
caminho de nossos beneficiários seja devolvido integralmente. Deixo meu
agradecimento aos mais de 20 mil servidores do INSS e do Ministério da
Previdência Social, profissionais que aprendi a admirar ainda mais nestes pouco
mais de dois anos à frente da Pasta. Homens e mulheres que sustentam, com
dedicação, o maior programa social das Américas", prosseguiu Carlos Lupi.
Mudanças no INSS
O caso já havia resultado na exoneração do então presidente
do instituto, Alessandro Stefanutto, e no afastamento de quatro dirigentes da
autarquia e de um policial federal lotado em São Paulo.
Deputados de oposição protocolaram, na última quarta-feira
(30), um requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
para investigar os sindicatos envolvidos na fraude do INSS. Pressionado pela
oposição, Lupi chegou a prestar depoimento durante sessão da Comissão de
Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família, também da
Câmara dos Deputados, realizada na terça-feira (29), mas sua permanência à
frente da pasta acabou ficando insustentável.
A PF informou ter reunido indícios da existência de
irregularidades em parte dos cerca de R$ 6,3 bilhões que a cobrança das
mensalidades associativas movimentou apenas entre 2019 e 2024. Nos dias
seguintes, a CGU e o próprio INSS tornaram públicos os resultados de auditorias
realizadas desde 2023, que também apontavam inconsistências e problemas
relacionados ao tema.
Suspensão e devolução
Logo após a deflagração da operação da PF, o INSS suspendeu
todos os descontos oriundos dos acordos com as entidades.
Para reaver o dinheiro retroativo aos anos anteriores, a
Advocacia-Geral da União (AGU) montou um grupo para buscar a reparação dos
prejuízos. Esse grupo se reuniu na tarde desta sexta, na sede da AGU,
envolvendo o próprio advogado-geral da União, Jorge Messias; o presidente da
Dataprev, Rodrigo Assumpção e o novo presidente do INSS, nomeado há dois dias.
Na última quinta-feira (30), em pronunciamento nacional por
ocasião do Dia do Trabalhador, Lula prometeu que os prejudicados serão
ressarcidos.
Agência Brasil
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