Congresso aprova usar emendas para salários de profissionais da saúde.
Texto muda rito de apresentação e indicação de emendas
parlamentares
O Congresso Nacional aprovou nesta terça-feira (17) um
projeto de resolução, assinado pelas Mesas diretoras da Câmara dos Deputados e
do Senado, que permite o uso de emendas parlamentares de comissão e bancada
para o pagamento de salários de profissionais de saúde ativos. O texto será
encaminhado para promulgação.
O projeto, aprovado em votação simbólica, altera o rito de
apresentação e de indicação de emendas parlamentares às leis orçamentárias na
Comissão Mista de Orçamento (CMO).
O texto autoriza o uso de emendas parlamentares de comissão e
de bancada para o pagamento de salários de profissionais da saúde, mas mantém a
vedação desse uso para as emendas individuais.
As regras atuais determinam que ao menos 50% do valor das
emendas parlamentares sejam aplicados em ações e serviços públicos de saúde,
mas veda a sua utilização para o custeio de folhas de pagamento de servidores.
Os seis parlamentares que discutiram a matéria se
posicionaram contra o projeto. O deputado Ivan Valente (Psol-SP) disse que a
sanha pelas emendas é prejudicial para o país. O deputado apontou o crescimento
nos valores das emendas individuais, que passaram de cerca de R$ 8 milhões, em
2018, para cerca de R$ 46 milhões este ano.
“As emendas impositivas viraram mais de um quarto das
despesas discricionárias no país. Essa gana dos parlamentares para redistribuir
emendas aos prefeitos é porque isso reelege o deputado; praticamente compra o
prefeito e forma a base para fazer essa composição vergonhosa do congresso que
ataca direitos dos trabalhadores e não quer distribuir renda”, criticou.
A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) também se posicionou
contra a medida que, segundo ela, abre caminho para a prática do “toma lá, dá
cá” e fere o pacto federativo.
“Que absurdo é esse de a gente autorizar o custeio de Saúde.
Passou da hora de discutir decentemente pacto federativo. É uma aberração a
gente discutir custeio da saúde pago e bancado com emenda parlamentar. A gente
está autorizando emendas coletivas para pagamento de pessoal da saúde”,
criticou.
O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) também criticou a medida
e disse ser necessário discutir o mecanismo das emendas, que foi mudando ao
longo dos anos.
“Isso é perigoso. As emendas não são permanentes. Não é
mensal ou anual. Em um ano tem as emendas para pagar os funcionários e outro
ano não tem. Mas os funcionários são todos os meses”, advertiu.
Rodrigo da Zaeli (PL-MT) também apontou que a proposta pode
criar uma relação de subordinação entre parlamentares e prefeitos. Segundo o
deputado mato-grossense, dos 142 municípios do estado, mais de 100 não
conseguem suprir as demandas com orçamento próprio.
“Com o pouco tempo que tenho nesta Casa, já entendi o jogo:
se você não for ao município prometer a emenda, vincular o apoio de prefeitos e
vereadores nessas emendas, você tem pouca chance de sucesso de voltar na
próxima eleição. Então fica o círculo vicioso”, disse.
Outras medidas
O Projeto de Resolução aprovado também determina regras para
a destinação de verbas para instituições privadas. Essas instituições terão que
possuir uma unidade ativa; contar com equipe técnica própria; demonstrar
experiência na área correspondente aos recursos previstos na emenda parlamentar
e comprovar ter condições técnicas e operacionais para atuar no estado
beneficiado pelos recursos da emenda.
Por fim, o projeto prevê a solicitação de alteração de
programação de emenda somente será deliberada pela CMO quando solicitada
formalmente pelo parlamentar que tenha sido o proponente da emenda. Essa medida
visa atender aos requisitos estipulados pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
para dar transparência na destinação das emendas.
Agência Brasil
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