INSS começa a receber adesões a restituição de descontos ilegais. Medida começou nesta sexta-feira.
Aposentados e pensionistas do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vítimas dos descontos ilegais de
mensalidades associativas já podem aderir ao acordo de ressarcimento proposto
pelo governo federal.
A adesão ao plano de
ressarcimento começou nesta sexta-feira para os beneficiários que já
contestaram os descontos não autorizados feitos em seus benefícios
previdenciários entre março de 2020 e março de 2025 e que não obtiveram
resposta das entidades associativas. E é necessária para quem desejar receber a
restituição dos valores a que tem direito, e uma única parcela e corrigidos
pelo IPCA, sem ter que recorrer à Justiça.
A adesão pode ser feita por
intermédio do aplicativo Meu INSS ou presencialmente, nas agências dos
Correios. No aplicativo, o interessado deve acessar a aba “Consultar Pedidos”,
clicar no item “Cumprir Exigência”, assinalar a opção “Aceito Receber”,
localizada no fim da página e, então, clicar em “Enviar”. Não é necessário
enviar nenhum documento além dos já apresentados.
Nenhum valor será cobrado do
segurado, que receberá o valor devido automaticamente, na mesma conta bancária
na qual recebe seu benefício previdenciário.
Os primeiros pagamentos
serão liberados no próximo dia 24. A partir daí, o cronograma de ressarcimento
prevê pagamentos diários, em lotes de até 100 mil pessoas, até que todos os
casos sejam concluídos. O pagamento seguirá a ordem cronológica da adesão ao
acordo, ou seja, aqueles que aderirem primeiro ao acordo vão receber primeiro.
Quem recorreu à Justiça,
ingressando com ação judicial contra o INSS, também pode aderir ao acordo, mas
deverá desistir do processo, para não ser duplamente beneficiado. Além das
adesões espontâneas, o INSS vai fazer contestação automática para beneficiários
em situação de vulnerabilidade: pessoas que tinham 80 anos de idade ou mais em
março de 2024, indígenas e quilombolas.
“Estamos preocupados com as
pessoas mais sujeitas a fraudes. E vamos dar um tratamento diferenciado a essas
três situações, de maior vulnerabilidade”, explicou o presidente do INSS,
Gilberto Waller, durante entrevista coletiva, nesta quinta-feira (10), na qual
ele e o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, detalharam o cronograma
do acordo de ressarcimento.
Os aposentados e
pensionistas que ainda não contestaram eventuais descontos podem fazê-lo pelo
aplicativo Meu INSS, ligando para a central telefônica 135 ou indo pessoalmente
a uma agência dos Correios. A princípio, as novas contestações serão aceitas
até pelo menos 14 de novembro de 2025 – data que o governo federal ainda vai analisar
se precisará ser prorrogada.
A partir da data em que o
beneficiário questionar as cobranças, as entidades têm até 15 dias para
comprovar que o desconto foi feito legalmente. Caso contrário, os valores
cobrados indevidamente serão integralmente restituídos ao beneficiário, pela
União – que vem tomando medidas para assegurar a responsabilização das
entidades e de seus representantes legais, como a solicitação de bloqueios
judiciais de bens e valores.
De acordo com o presidente
do INSS, dos cerca de 9,3 milhões de beneficiários consultados, cerca de 3,8
milhões questionaram os descontos de mensalidades associativas em seus
benefícios. Desses, pouco mais de 1,86 milhão de aposentados e pensionistas já
estão aptos a aderir ao acordo. Os demais ainda estão em processo de análise.
“Se tivéssemos que pagar
[restituir os valores cobrados] 100% das 3,8 milhões de reclamações – o que não
é o caso –, o valor corrigido pelo IPCA daria R$ 2,6 bilhões”, afirmou Waller
após o ministro da Previdência Social comentar que o governo federal deve
publicar, nos próximos dias, uma Medida Provisória (MP) abrindo um crédito
extraordinário de cerca de R$ 3 bilhões no Orçamento deste ano para custear o
plano de ressarcimento.
Ainda de acordo com Waller,
os R$ 400 milhões restantes do crédito extraordinário vão servir para,
eventualmente, ressarcir a 209 mil vítimas que tinham 80 anos ou mais em março
de 2024; 17,79 mil indígenas e cerca de 38,56 mil quilombolas. “Com isso,
chegaríamos a cerca de 4,1 milhões de pessoas atingidas por este golpe.”
Em um vídeo publicado nas
redes sociais, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou
que o acordo pactuado pelo Ministério da Previdência Social, INSS,
Advocacia-Geral da União (AGU), Defensoria Pública da União (DPU), Ministério
Público Federal (MPF) e Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e
homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) garantirá o dinheiro de volta,
“integralmente e corrigido pela inflação”, a milhões de beneficiários do Regime
Geral da Previdência Social.
“A Polícia Federal está
investigando e os responsáveis pelos prejuízos aos aposentados [e pensionistas]
serão julgados e punidos. Afinal, aposentadoria é um direito sagrado”, garantiu
Lula.
Agência Brasil
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