Moraes: bancos podem ser punidos se aplicarem sanções dos EUA. Ministro também disse esperar que Trump reverta medidas contra ele.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), afirmou nesta quarta-feira (20) que as instituições financeiras
brasileiras podem ser punidas se bloquearem ativos a mando do governo dos
Estados Unidos.
Em entrevista à Reuters, Moraes disse que os bancos e as
instituições que estão no país não podem aplicar internamente ordens de
bloqueio, como as oriundas da Lei Magnitsky.
"Agora, da mesma forma, se os bancos resolverem aplicar
a lei internamente, eles não podem. Eles podem ser penalizados internamente”,
afirmou.
No mês passado, os Estados Unidos anunciaram sanções
financeiras contra o ministro, com base na Lei Magnitsky, norma norte-americana
que prevê a aplicação de restrições para quem é considerado violador de
direitos humanos.
A lei prevê o bloqueio de contas bancárias, ativos e
aplicações financeiras nos Estados Unidos, a proibição de transações com
empresas norte-americanas que estão no Brasil, além do impedimento de entrada
no país.
Apesar das sanções, a medida teve impacto reduzido. Moraes
não tem bens nem contas em bancos sediados naquele país. O ministro também não tem o costume de viajar
para os Estados Unidos.
Lei Magnitisky
Na mesma entrevista à Reuters, Alexandre de Moraes considerou
"totalmente equivocado" o uso da Lei Magnitsky contra ele.
“Esse desvio de finalidade na aplicação da lei coloca até
instituições financeiras em uma situação difícil. E não são só instituições
financeiras brasileiras, mas seus parceiros norte-americanos, são empresas
norte-americanas que atuam no Brasil e também têm contas, investimentos,
financiamentos de bancos brasileiros”, comentou.
Trump
O ministro declarou ainda que espera que o presidente do
Estados Unidos, Donald Trump, reverta as medidas anunciadas contra ele.
“É plenamente possível uma impugnação judicial [nos EUA] e
até agora não encontrei nenhum professor ou advogado brasileiro ou
norte-americano que ache que a justiça não iria reverter. Mas, nesse momento,
eu aguardo, e foi uma opção minha, aguardar a questão diplomática do país,
Brasil e Estados Unidos”, completou.
Validade automática
Na segunda-feira (18), o ministro Flávio Dino decidiu que
decisões judiciais estrangeiras só podem ser executadas no Brasil após
homologação da Justiça brasileira.
A decisão foi tomada no caso que envolve decisões da Justiça
do Reino Unido sobre o desastre no rompimento da barragem do Fundão, em Mariana
(MG), ocorrido em 2015, mas tem impacto direto nas medidas anunciadas pelo
governo dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes e outros
integrantes da Corte.
Agência Brasil
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