PGR recorre para limitar alcance de ampliação do foro privilegiado.
Em março, STF decidiu mudar
as regras para parlamentares
A Procuradoria-Geral da
República (PGR) apresentou um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) para
limitar a decisão da Corte que ampliou o foro por prerrogativa de função, nome
técnico do foro privilegiado para deputados federais e senadores. Em março deste
ano, o Supremo decidiu que o processo contra um político pode continuar na
Corte mesmo após o fim do mandato.
Pelo entendimento, o foro
privilegiado de um político fica mantido no STF se o crime tiver sido cometido
durante o exercício da função de parlamentar. A regra se aplica aos casos de
renúncia, não reeleição ou cassação.
Na manifestação enviada ao
STF na terça-feira (5), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, diz que a
decisão não pode ser aplicada de forma automática e irrestrita para todos os
processos.
Para o procurador, a decisão
não deve valer para ações penais que já estão em fase final. Dessa forma, esses
processos devem permanecer nas instâncias inferiores em que tramitavam.
“As persecuções penais que
já se encontravam com a instrução encerrada, com a abertura de prazo para
apresentação de alegações finais, deverão permanecer sob a jurisdição dos
órgãos que lhes vinham conferindo regular andamento, assegurando-se, assim,
desfecho compatível com as garantias do devido processo legal”, defende Gonet.
Na avaliação do procurador,
a decisão do STF que ampliou o foro pode acarretar em “retrocesso
investigativo”.
“Ao contrário do que se
pretendia, a implementação automática e irrestrita da nova orientação tem
reproduzido exatamente os efeitos deletérios que se buscava mitigar com a
superação do entendimento anterior, ocasionando riscos concretos de retrocesso
investigativo, morosidade e, em última análise, de inefetividade
jurisdicional”, completou.
Apesar da manifestação da
PGR, não há data para o julgamento do recurso.
Fim do foro
A pauta sobre mudanças no
foro privilegiado voltou à tona nesta semana após parlamentares que apoiam Jair
Bolsonaro iniciarem articulações políticas pela aprovação de alterações nas
regras de julgamentos do STF para retirar o processo da trama golpista da Corte
e impedir o julgamento do ex-presidente.
No STF, Bolsonaro é um dos
réus do núcleo 1 da ação penal do golpe. O processo está na fase final,
faltando apenas a entrega das alegações finais das defesas, que ocorrerá na
próxima semana. O julgamento deve ocorrer em setembro.
Agência Brasil
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