STF marca para 2 de setembro julgamento de Bolsonaro na trama golpista. Zanin reservou oito sessões para a análise do caso.
O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do
Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para 2 de setembro o início do
julgamento da ação penal que tem como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro e
mais sete aliados, todos réus por tentativa de Golpe de Estado.
O julgamento foi marcado para começar às 9h. Zanin reservou
oito sessões para a análise do caso, seis delas extraordinárias, ou seja,
realizadas em horários fora do previsto para a Primeira Turma.
Além do 2 de setembro, com uma sessão pela manhã e outra a
tarde, a demais sessões estão previstas para ocorrer nos dias 3, 9, 10 e 12 de
setembro, conforme cronograma divulgado pela secretaria da Primeira Turma.
A ação penal 2668 é a mais avançada relacionada à trama
golpista denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e tem como alvo
o núcleo 1 da trama, também chamado núcleo “crucial”, grupo formado pelo que
seriam as principais cabeças do complô.
Além do relator, ministro Alexandre de Moraes, vão participar
do julgamento os outros quatro ministros que compõem a Primeira Turma -
Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
Como de costume nas análises de mérito e presenciais, o
julgamento deve ser inteiramente transmitido pela TV e Rádio Justiça, bem como
pelo canal do Supremo na plataforma YouTube.
Relembre
A ação penal 2668 é a mais avançada relacionada à trama
golpista denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e tem como alvo
o núcleo 1 da trama, também chamado núcleo “crucial”, grupo formado pelo que
seriam as principais cabeças do complô.
Pela denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet,
elaborada com base nas investigações da Polícia Federal (PF), Bolsonaro foi o
líder de uma trama golpista que tinha como objetivo mantê-lo no poder mesmo com
derrota na tentativa de reeleição, em 2022.
Segundo a narrativa da acusação, o plano golpista começou a
ser colocado em prática em meados de 2021, quando Bolsonaro orientou o alto
escalão de seu governo a atacar o sistema eletrônico de votação, de modo a
desacreditar o processo eleitoral e criar o clima social propício a uma ruptura
democrática.
Ainda segundo o PGR, a tentativa de golpe culminou com o 8 de
janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro que não aceitavam o resultado
das eleições invadiram e depredaram amplamente as sedes dos Três Poderes, em
Brasília.
Entre as provas apresentadas estão, por exemplo, minutas de
um decreto golpista encontradas em endereços dos investigados, bem como
rascunhos de planos como “Luneta”, “Copa 2022” e “Punhal Verde Amarelo”.
O PGR enfatizou que tais planos chegaram a prever, inclusive,
o sequestro e assassinato de autoridades ainda em 2022, entre as quais o
ministro do STF Alexandre de Moraes, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula
da Silva e o vice eleito, Geraldo Alckmin.
Todos os oito réus do núcleo 1 foram acusados de cinco
crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição
violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de
patrimônio tombado. Somadas, as penas podem superar os 30 anos de prisão.
O julgamento final da ação penal contra Bolsonaro foi marcado
pouco depois de todas as defesas terem entregado ao Supremo suas alegações
finais no caso. O prazo final para isso se encerrou na última quarta (13).
Defesas
Com a exceção da defesa de Bolsonaro, que chamou a narrativa
da PGR de “absurda” e “golpe imaginado”, as demais defesas optaram em geral por
não contestar a existência de uma trama golpista em si, mas concentraram
esforços em desvincular seus clientes de um eventual complô, mesmo que fique
provada a existência deste.
Todos os advogados pediram a absolvição de todas as
acusações.
Agência Brasil
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