Fux absolve Bolsonaro e condena Braga Netto e Cid pela trama golpista.
Ministro do STF votou pela absolvição de 5 aliados do
ex-presidente
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou
nesta quarta-feira (10) para absolver o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais
cinco aliados na ação penal da trama golpista.
Após cerca de 13 horas de voto, o ministro ainda votou pela
condenação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o general Braga
Netto pelo crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de
Direito.
Apesar do entendimento do ministro nas absolvições, o placar
pela condenação de Bolsonaro e mais sete réus está 2 votos a 1. Os votos pela
condenação foram proferidos ontem pelos ministros Alexandre de Moraes e Flávio
Dino.
Faltam os votos dos ministros Cristiano Zanin e Cármen Lúcia,
que serão proferidos na sessão desta quinta-feira (11), a partir das 14h.
Bolsonaro
Fux rejeitou integralmente a acusação da Procuradoria-Geral
da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A PGR solicitou a condenação do ex-presidente pelos crimes de
organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado
Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e
grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. A pena poderia chegar a 30
anos de prisão.
No entendimento de Fux, Bolsonaro apenas cogitou medidas de
exceção, e "não aconteceu nada". No entendimento dele, a cogitação
não é suficiente para punir o ex-presidente.
Sobre as acusações de responsabilidade pelos atos golpistas,
Fux classificou como "ilações" da PGR a suposta ligação de Bolsonaro
com os golpistas que depredaram a sede do Supremo, o Congresso Nacional e o
Palácio do Planalto.
"Esses elementos jamais podem sustentar a ilação de que
Jair Bolsonaro tinha algum tipo de ligação com os vândalos que depredaram as
sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023", declarou.
Mauro Cid
Apesar de também estar na condição de delator, Fux entendeu
que Cid não atuou somente como ajudante de Bolsonaro e trocou mensagens com
militares kids-pretos sobre medidas de monitoramento do ministro Alexandre de
Moraes.
Além disso, ele participou de uma reunião na casa do general
Braga Netto, em 2022, onde, segundo a acusação da Procuradoria-Geral da
República (PGR), teria sido repassado dinheiro para o financiamento de trama
golpista.
"Todos aqueles que queriam convencer o então presidente
da República da necessidade de adotar ações concretas para abolição do Estado
Democrático de Direito faziam solicitações e encaminhamentos por meio do
colaborador", disse o ministro.
Além de réu na ação penal, Cid também é delator e deve ter a
pena reduzida.
Pelo voto de Fux, o militar não deve ser condenado por
organização criminosa armada, golpe de Estado, dano qualificado pela violência
e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado
Braga Netto
Fux votou ainda para condenação do general Braga Netto pelo
crime de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Com o
entendimento de Fux, há maioria de três votos pela condenação do general. Os
outros dois votos foram proferidos ontem (9) pelos ministros Alexandre de
Moraes e Flávio Dino.
A maioria absolveu o militar dos crimes de organização
criminosa armada, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave
ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
General da reserva e vice na chapa de Bolsonaro em 2022, o
militar está preso desde dezembro do ano passado sob a acusação de obstruir a
investigação sobre a tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva
Garnier
Fux absolveu o ex-comandante da Marinha Almir Garnier.
Conforme a denúncia, o almirante participou de uma reunião em que o
ex-presidente apresentou minutas com estudos para decretação das medidas de
exceção.
A ideia teria sido rechaçada pelos comandantes da Aeronáutica
e Exército.
No entendimento de Fux, o militar não praticou atos
executórios e que a mera presença em reuniões não é suficiente para a
condenação.
"A conduta narrada na denúncia e atribuída ao réu Almir
Garnier está muito longe de corresponder a de um membro de associação
criminosa", afirmou.
General Heleno
O ministro também se pronunciou pela absolvição do general do
Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do
governo de Jair Bolsonaro.
No voto favorável ao general, Fux disse que não é possível
"punir rascunhos privados".
Durante busca e apreensão autorizada pelo STF, a Polícia
Federal apreendeu uma agenda de Heleno com anotações contra o sistema eleitoral
e citações sobre ações da Abin.
Paulo Sergio Nogueira
O ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira também foi
absolvido por Fux.
No entendimento de Fux, não há provas de que o ex-ministro
tenha participado de uma organização criminosa.
Anderson Torres
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres também entrou na
lista de absolvições de Fux. Para o ministro, Torres não tinha proximidade com
militares e não há provas de que ele teria aderido à tentativa de golpe.
Alexandre Ramagem
Último réu que teve a condenação analisada por Fux, também
foi absolvido. No entendimento do ministro, Alexandre Ramagem, ex-diretor da
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), não deve ser condenado pelos crimes
de golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição do
Estado Democrático de Direito.
Atualmente, Ramagem é deputado federal. Por estar na função,
ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a
três dos cinco crimes imputados pela PGR.
A suspensão vale para os crimes de dano qualificado pela
violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável
prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, relacionados aos
atos golpistas de 8 de janeiro.
Agência Brasil
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