Moraes e Dino votam pela condenação de Bolsonaro e mais sete; placar está 2 a 0.
Dino vai propor penas maiores para ex-presidente e Braga
Netto
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF),
votou nesta terça-feira (9) pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e
de mais sete aliados por tentativa de golpe de Estado.
Com o voto do ministro, o placar pela condenação está 2 votos
a 0. O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, também votou pela
condenação. Faltam três votos.
O tempo de pena ainda não foi anunciado e deve ser definido
somente ao final da rodada de votação sobre a condenação ou absolvição dos
réus. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 30 anos de prisão em
regime fechado.
A sessão foi suspensa e será retomada amanhã (10) para o voto
dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
Dino aceitou totalmente a denúncia da trama golpista
apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e condenou os acusados
pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do
Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência
e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
No caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, que,
atualmente, é deputado federal, a condenação se deu somente por três dos cinco
crimes.
Por ser parlamentar, Ramagem não responde pelos crimes de
dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e
com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado,
ambos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.
Voto
Em sua manifestação, Dino detalhou a participação de todos os
acusados e se manifestou pela condenação de todos. Para o ministro, houve atos
executórios para realização da tentativa golpista.
"Não se cuidou de mera cogitação. Não se cuidou de meras
reflexões, que foram indevidamente postas em agendas, cadernos e folhas",
afirmou.
Penas maiores
Dino também adiantou que vai propor penas maiores para o
ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto. O ministro entendeu que
eles tiveram a participação de liderança e poderão ter tempo de pena maior.
No entanto, o ministro disse que vai votar pela adoção de
penas menores para o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e os generais Augusto
Heleno e Paulo Sérgio.
“Eu considero que há uma participação de menor importância em
relação a cada um deles", afirmou.
Bolsonaro
Sobre a atuação do ex-presidente, Dino disse que o
ex-presidente era uma "figura dominante" na organização criminosa.
"Ele e o réu Braga Netto ocupam essa função. Era quem de
fato mantinha o domínio de todos os eventos que estão narrados nos autos, e as
ameaças contra os ministros Barroso, Fux, Fachin e Alexandre", afirmou.
Anistia
Flávio Dino também considerou que os crimes imputados ao
ex-presidente Jair Bolsonaro e mais réus na trama golpista não podem ser
anistiados. O ministro citou precedentes do Supremo sobre a questão.
"Esses crimes já foram declarados pelo Supremo Tribunal
Federal como insuscetíveis de indulto e anistia", afirmou.
Ameaças dos EUA
O ministro também acrescentou que "agressões e ameaças
de governos estrangeiros" não influenciam no julgamento e são
"fatores extra-autos".
"Não há no voto que vou proferir nenhum tipo de recado,
mensagem, nada desse tipo. Há o exame estrito daquilo que está nos autos",
disse.
Forças Armadas
Dino também frisou que a Corte não está julgando as Forças
Armadas, mas as acusações específicas contra os militares que são réus.
"Espero que nenhum militar vá para convescotes
partidários, utilizando a farda para tecer considerações desairosas a tal e
qual posição política".
Normalidade
Dino também destacou que a análise da ação penal da trama
golpista é um "julgamento com outro qualquer" e negou motivação política.
"É um julgamento que se processa segundo as regras
vigentes no país, de acordo com o devido processo legal, fatos e provas nos
autos e em termos isonômicos", completou.
Quem são os réus?
Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
Alexandre Ramagem - ex-diretor da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin);
Almir Garnier - ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres - ex-ministro da Justiça e ex-secretário de
Segurança do Distrito Federal;
Augusto Heleno - ex-ministro do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI);
Paulo Sérgio Nogueira - ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto - ex-ministro de Bolsonaro e candidato a
vice na chapa de 2022;
Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Agência Brasil


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