Fraudes no INSS: Mendonça ordena bloqueio de R$ 390 milhões de entidade investigada e seus dirigentes.
Sindnapi e seus dirigentes
foram alvo da mais recente fase da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal.
O ministro André Mendonça,
do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio de R$ 390 milhões em
bens, móveis, imóveis e valores do Sindicato Nacional dos Aposentados,
Pensionistas e Idosos (Sindnapi).
O sindicato e seus
dirigentes foram alvo da mais recente fase da Operação Sem Desconto, da Polícia
Federal (PF), que investiga descontos indevidos em aposentadorias e benefícios
do INSS.
A medida foi tomada após a
PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentarem ao Supremo indícios
de “movimentações financeiras atípicas indicando pulverização, fracionamento e
passagem de valores do Sindnapi para pessoas físicas e jurídicas ligadas à
diretoria, em atos típicos de lavagem de dinheiro”.
O valor do bloqueio
corresponde ao total de descontos feitos pela entidade entre 2021 e janeiro de
2025.
Na decisão, obtida pela TV
Globo, Mendonça escreveu que há “fundadas suspeitas de relevante participação
dos representados nos ilícitos apurados”, e de atuação de um “grupo criminoso
organizado para lesar aposentados e pensionistas mediante descontos indevidos e
posterior lavagem dos vultosos recursos ilícitos obtidos”.
O ministro também autorizou
a quebra dos sigilos fiscal e bancário do sindicato e de diversos dirigentes,
abrangendo o período de 2020 até o presente.
Em nota, o Sindnapi e seus
advogados disseram que "não tiveram acesso ao inquérito policial, ao
conteúdo das razões da representação policial ou dos fundamentos da decisão que
autorizou a deflagração da medida cautelar, mas reitera seu absoluto repúdio e
indignação com quaisquer alegações de que foram praticados delitos em sua
administração ou que foram realizados descontos indevidos de seus
associados".
Indícios de irregularidades
Na avaliação da PGR, a
análise técnica feita por órgãos de controle "registram, de modo
consistente e convergente, os ilícitos perpetrados sob o abrigo dos Acordos de
Cooperação Técnica firmados entre o Instituto Nacional do Seguro Social e o
SINDNAPI".
A Procuradoria afirma que a
investigação aponta movimentações financeiras suspeitas, sendo que "o material revela encadeamento de
transações que se estende do núcleo diretivo do sindicato a empresas de fachada
e parentes dos dirigentes".
Entre os exemplos citados
pela PF está a "New Flex Construtora (Viterbo Construções), constituída em
janeiro de 2022 sem qualquer funcionário registrado, que recebeu R$ 363.284,30
da Santmax Engenharia e Serviços Ltda., esta já identificada como destinatária
de mais de R$ 1,1 milhão provenientes do SINDNAPI".
Por Márcio Falcão, TV Globo — Brasília
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