Governo restringe antecipação de saque-aniversário do FGTS
Trabalhador poderá antecipar R$ 2,5 mil em cinco parcelas de
R$ 500
A partir de 1º de novembro, o trabalhador que aderiu ao
saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) terá
limitações na hora de antecipar o benefício nos bancos. O valor e o número de
parcelas passarão a ser limitados, assim como haverá restrições de prazo e um
período de carência.
A decisão foi aprovada nesta terça-feira (7) pelo Conselho
Curador do Fundo de Garantia. Segundo o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz
Marinho, que preside o órgão, a mudança tem como objetivo evitar abusos contra
o trabalhador que contrata empréstimos para antecipar o saque-aniversário,
pagando juros, e fazer com que o dinheiro do FGTS vá direto para o trabalhador,
não para o sistema financeiro.
As principais mudanças são as seguintes:
Limites de valores: o empréstimo passa a ser limitado entre
R$ 100 e R$ 500 por parcela, com máximo de cinco parcelas nos próximos 12
meses, totalizando R$ 2,5 mil. A partir de novembro de 2026, o limite que será
reduzido para três parcelas de R$ 100 a R$ 500 por a cada saque-aniversário.
Até agora, não havia um teto de valor.
Limite de frequência: o trabalhador poderá contratar apenas
uma operação de antecipação por ano. Pela regra anterior, era possível fazer
várias operações de crédito anualmente, as chamadas “operações simultâneas.”
Carência: o trabalhador só poderá contratar antecipações nas
instituições financeiras 90 dias após a adesão ao saque-aniversário.
Condições atuais
Até agora, não havia restrições quanto ao prazo, à carência e
aos valores. Atualmente, as antecipações do saque-aniversário, segundo o
Conselho Curador do FGTS, são executadas com as seguintes condições de mercado:
Valor médio de R$ 1,3 mil por operação;
Média de oito antecipações por contrato;
Um total de 26% dos trabalhadores antecipa o
saque-aniversário nos bancos no mesmo dia da adesão.
Críticas
De acordo com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a revisão
das regras tem como objetivo proteger os trabalhadores do endividamento
excessivo e garantir a sustentabilidade do FGTS. Para o governo, o uso do saldo
como garantia de empréstimos tem levado muitos brasileiros a situações de
vulnerabilidade em casos de demissão.
“O saque-aniversário tem efeito colateral: enfraquece o FGTS
como fundo de investimento — seja na habitação, no saneamento ou na
infraestrutura — e prejudica o trabalhador, que muitas vezes gasta de forma
antecipada sem planejamento”, afirmou Marinho. Ele chegou a dizer que, “se
dependesse da vontade política dele, o saque-aniversário já teria sido
extinto”.
Outro ponto de preocupação do governo, destacou o ministro, é
o uso inadequado dos recursos, como gastos com apostas e jogos online. “Tem
gente pegando R$ 100 do FGTS para jogar no tigrinho”, exemplificou Marinho, em
referência a aplicativos de aposta populares entre jovens.
Redistribuição de recursos
O governo calcula que, até 2030, R$ 86 bilhões deixarão de ir
para as instituições financeiras e permanecerão diretamente com os
trabalhadores. A medida, segundo o Ministério do Trabalho, representa um
redirecionamento estratégico para fortalecer o poder de compra e a poupança dos
brasileiros.
Atualmente, 21,5 milhões de trabalhadores aderiram ao
saque-aniversário, o equivalente a 51% das contas ativas. Desses, cerca de 70%
já realizaram operações de antecipação. Esses empréstimos movimentaram entre R$
102 bilhões e R$ 236 bilhões, desde 2020, segundo estimativas do Conselho
Curador do FGTS.
Criado em 2019, o saque-aniversário permite ao trabalhador
retirar anualmente parte do saldo de sua conta do FGTS no mês de seu
aniversário. A adesão é opcional, mas tem uma contrapartida importante. Quem
escolhe a modalidade perde o direito de sacar o saldo total da conta em caso de
demissão sem justa causa, mantendo apenas o acesso à multa rescisória de 40%.
Agência Brasil


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