Justiça suspende júri de vereador de Santa Rita por ameaças a testemunhas.
Vereador está preso por outro crime, uma suspeita de
participação em homicídio. O caso analisado pelo TJPB é de uma tentativa de
homicídio, em 2016, que seria julgada em novembro.
O desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos, do Tribunal de
Justiça da Paraíba (TJPB) decidiu nesta sexta-feira (24) que o júri do vereador
de Santa Rita, Wagner de Bebé, preso suspeito de um homicídio em 2025, fosse
suspenso por conta de ameaças a testemunhas envolvidas no processo em que é
acusado de tentativa de homicídio contra um jovem, em 2016. O tribunal do júri
estava marcado para acontecer no dia 12 de novembro.
De acordo com o despacho do desembargador, a suspensão
acontece no âmbito da transferência do julgamento para outra comarca. Enquanto
uma nova comarca responsável pelo processo não é definida, o julgamento fica
suspenso. Anteriormente, o caso tramitava na 1ª Vara Mista da Comarca de Santa
Rita.
O g1 entrou em contato com o advogado do vereador que, por
meio de nota, disse que os argumentos alegados no despacho "são totalmente
improcedentes e desprovidos de lastro probatório consistente" e ainda
ressaltou que a defesa está "plenamente preparada para, na sessão
designada, demonstrar cabalmente a inocência" do vereador.
Nos argumentos para a decisão, o desembargador cita diversos
motivos para a transferência e também a suspensão do júri. Além da ameaça a
testemunhas do processo, o despacho afirma que Wagner de Bebé ameaçou os país
de Eziel Felipe de Araújo, o jovem que sofreu uma tentativa de assassinato com
suspeita de participação do investigado, além de pessoas na comunidade em Santa
Rita, principalmente em Bebelândia, um bairro da cidade.
O desembargador cita, inclusive, que as "ameaças e
coações diretas" se agravaram com o passar dos anos desde o crime, por
conta da ascensão de Wagner ao cargo de vereador na cidade, o que no
entendimento da Justiça acabou "ampliado sua influência e poder local,
irradiando temor entre as testemunhas e a própria comunidade onde o júri se
realizaria".
No que diz respeito ao fator de ameaças aos familiares do
jovem que sofreu tentativa de homicídio com suspeita de participação do
vereador, o desembargador disse que os pais da vítima e a própria vítima foram
forçados a abandonarem a própria residência por medo de ameaças de morte
"persistentes e crescentes".
Apesar de não citar diretamente ameaças aos jurados que
julgariam a tentativa de homicídio na Comarca em Santa Rita, o juiz destacou
que devido denúncias feitas anonimamente juntas ao processo, moradores de
Bebelândia destacaram que "o vereador e seus capangas mataram um rapaz
dentro de casa, 'e todos têm medo de depor', o que denota a atmosfera de pânico
social reinante na localidade”, o que afetaria o julgamento dos envolvidos por
"pressão do ambiente", no entendimento do desembargador.
No despacho, o desembargador cita que o pedido para a
transferência e a suspensão foram feitos pelo Ministério Público da Paraíba
(MPPB), que também havia solicitado medidas protetivas para os familiares e
também à vítima, no entanto, essa solicitação foi negada porque o desembargador
entendeu que essa competência é do juiz de primeiro grau.
O vereador de Santa Rita, Wagner de Bebé, está preso não pelo
caso de tentativa de homicídio em 2016 que seria julgado em 12 de novembro até
a mudança por conta da decisão do desembargador, mas devido a suspeita de um
homicídio que aconteceu em no dia 13 de outubro deste ano.
De acordo com o delegado Cristiano Santana, em uma entrevista
coletiva, o jovem identificado como Luís Felipe foi morto na manhã da
segunda-feira (13) e, um dia antes, no domingo (12), sofreu uma tentativa de
homicídio. A Polícia Civil aponta que o vereador tem participação nas duas
ações, que não foram detalhadas com o intuito de não atrapalhar as investigações.
Durante a operação que prendeu o vereador, no carro do
parlamentar, foram apreendidas duas armas de fogo, que vão passar por perícia
para verificar se foram utilizadas no crime.
O suspeito passou por duas audiências de custódia, portanto.
Uma pela suspeita do crime de homicídio e outra pelo porte ilegal de arma de
fogo. Na primeira, a Justiça converteu a prisão temporária em preventiva e na
segunda a prisão temporária foi mantida. Ou seja, ele cumpre os dois tipos de
prisão.
Atualmente, o vereador está preso no Presídio Especial
Valentina de Figueiredo.
Por g1 PB

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