Ministério da Saúde lança ação inédita para incentivar a doação de órgãos; Paraíba contabiliza 95 transplantes em 2025.
A Paraíba realizou 95
transplantes de órgãos e tecidos no primeiro semestre de 2025, sendo 3 de
coração, 9 de fígado, 3 de rim, 75 de córnea, além de 5 de medula óssea. O
resultado acompanha o avanço nacional, que atingiu a marca recorde de 14,9 mil
transplantes no período, um crescimento de 21% em relação a 2022. Apesar do bom
desempenho, o Ministério da Saúde alerta que o número poderia ser ainda maior,
já que 45% das famílias brasileiras ainda recusam a doação. Para enfrentar esse
desafio, a pasta acaba de lançar um programa inédito para qualificar o diálogo
com familiares e fortalecer o acompanhamento das doações nos hospitais.
O Programa Nacional de
Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Prodot) busca
reconhecer e valorizar as equipes que atuam dentro dos hospitais, responsáveis
pela identificação de potenciais doadores, logística do processo e a conversa
com os familiares. Um momento delicado, de dor, dúvidas e, muitas vezes, falta
de informação, mas decisivo para salvar outras vidas. Pela primeira vez, esses
profissionais terão incentivos financeiros conforme o volume do atendimento e
indicadores de desempenho, incluindo o aumento das doações.
A iniciativa integra um
conjunto de medidas que somam investimento de R$ 20 milhões por ano para
fortalecer o Sistema Nacional de Transplantes. A maior parte, R$ 13 milhões
para a inclusão de novos procedimentos, como transplantes de membrana
amniótica, para casos graves de queimadura, e o transplante multivisceral, para
falência intestinal. Os outros R$ 7,4 milhões são para o Prodot, cujo objetivo
é aumentar o percentual de doação das famílias no país.
“A principal mensagem que
queremos passar às famílias é a segurança e a seriedade do Sistema Nacional de
Transplantes, reconhecido mundialmente. Quando um profissional de saúde aborda
uma família, ele carrega esse reconhecimento e atua dentro de um sistema sólido
e seguro. Ao mesmo tempo, reforçamos a importância de o doador manifestar à
família o desejo de doar. Esse gesto, mesmo em um momento de dor, pode salvar a
vida de três ou quatro pessoas e manter viva a memória do ente querido. Por
isso, estamos investindo também na formação e orientação dos profissionais,
para que saibam acolher e apoiar as famílias nesse processo tão delicado.”,
ressaltou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Campanha
Atualmente, mais de 80 mil
pessoas aguardam por um transplante no Brasil, sendo 825 na Paraíba, o que
reforça a importância de valorizar quem atua diretamente na sensibilização das
famílias. A campanha de incentivo a doação de órgãos deste ano do Ministério da
Saúde, que já está no ar, reforça a importância de todos informarem a sua
família sobre a decisão de doar órgãos.
São as famílias que decidem
pela doação ainda no hospital. Com o mote, “Doação de Órgãos. Você diz sim, o
Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador”, apresenta
um caso real de uma mãe que disse sim à doação de órgãos do seu filho. E a
história de profissionais da saúde que atuam desde o acolhimento das famílias
até o transplante do órgão.
Inclusão de novos
transplantes no SUS
O evento de lançamento da
campanha de doação de órgãos de 2025 do Ministério da Saúde, realizado no
Hospital do Rim em São Paulo, na quinta-feira (25/9), marcou a assinatura da
portaria que cria a Política Nacional de Doação e Transplantes (PNDT). É a primeira
vez que a política foi descrita em portaria específica, desde a criação do
sistema em 1997.
“A nova política e o
regulamento técnico representam um avanço importante para o Sistema Nacional de
Transplantes. Eles ampliam a possibilidade de transplantes em regiões que hoje
realizam menos procedimentos e fortalece a equidade no acesso. Essa iniciativa
se soma a outras ações do Ministério da Saúde, o Agora Tem Especialistas, que
leva investimentos a hospitais com estrutura adequada e apoio por meio da telessaúde,
criando condições para que mais transplantes sejam realizados em todo o país.”,
afirmou Padilha.
Um dos avanços mais
significativos é a regulamentação dos transplantes de intestino delgado e
multivisceral, agora incluídos no SUS. A medida garante que pacientes com
falência intestinal tenham 100% do tratamento ofertado na rede pública de
saúde, desde a reabilitação intestinal até os procedimentos pré e
pós-transplante.
Inicialmente, 5 centros em
São Paulo e no Rio de Janeiro estão autorizados a realizar o procedimento, com
expectativa de ampliar o número de unidades habilitadas nos próximos anos. O
novo Regulamento Técnico do SNT também prevê o reajuste da diária de
reabilitação intestinal, que passou de R$ 120 para R$ 600, um aumento de 400%.
Outra inovação é a
incorporação do uso rotineiro da membrana amniótica, tecido obtido da placenta
após o parto, para pacientes queimados, em especial crianças. O procedimento
favorece a cicatrização, reduz o risco de infecções e diminui a dor, beneficiando
mais de 3,3 mil pessoas por ano.
Modernização e novas
tecnologias
A política também estabelece
a realização da prova cruzada virtual, exame feito remotamente para avaliar a
compatibilidade imunológica entre doador e receptor. Esse recurso reduz riscos
de rejeição, traz mais segurança e garante maior agilidade em situações de
urgência, permitindo que o transplante aconteça o mais rápido possível.
A criação de critérios
específicos de priorização para pacientes hipersensibilizados, grupo que, após
transfusões sanguíneas ou gestações, desenvolve anticorpos que dificultam a
compatibilidade é mais um avanço. A medida reduz o tempo de espera e amplia as
chances de sucesso nos transplantes renais, impactando diretamente a qualidade
de vida dessas pessoas.
No campo dos transplantes de
medula óssea, o teste de quimerismo, exame de DNA utilizado para monitorar a
rejeição e orientar condutas médicas, passa a ser ofertado de forma regular.
Fonte: Ministério da Saúde
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