Anvisa aprova registro de vacina 100% nacional contra dengue. Imunizante será produzido pelo Butantan e estará disponível no SUS.
O ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, anunciou nesta quarta-feira (26) o registro pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) da vacina da dengue (Butantan-DV)
produzida pelo Instituto Butantan. A intenção é começar a aplicação das doses
em 2026, de forma gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o Instituto
Butantan, já há 1 milhão de unidades da vacina contra a dengue prontas para
distribuição. Este é o primeiro imunizante no mundo de apenas uma dose. A
estimativa do Butantan é ter disponível mais de 30 milhões de doses em meados
de 2026.
“Hoje é um dia de alegria,
de vitória da vacina, de vitória da ciência, de vitória da cooperação entre o
SUS brasileiro e de suas instituições públicas que estão espalhadas pelo país,
entre elas o Instituto Butantan”.
A indicação aprovada é para
pessoas na faixa etária de 12 a 59 anos de idade. Este perfil ainda pode ser
ampliado no futuro, a depender de novos estudos apresentados pelo fabricante.
Padilha, ao lado do
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ressaltou a qualidade da vacina
contra a dengue.
“Sabemos já dos dados
publicados, sabemos da segurança dessa vacina. Estamos falando de um hat-trick:
é uma vacina 100% brasileira, tem capacidade de proteção ampla e é uma dose
apenas”.
A nova vacina será integrada
ao Programa Nacional de Imunização (PNI). De acordo com o governo, o ministério
apresentará a novidade já nesta quinta-feira (27) à Comissão Tripartite,
formada por secretários estaduais e municipais de saúde, bem como a estratégia
de incorporação.
“Queremos começar a
utilização dessa vacina no começo do calendário vacinal de 2026”, revelou o
ministro.
Segundo Priscilla
Perdicaris, secretária-executiva da Saúde do Estado de São Paulo, em 2025, o
Brasil teve 866 mil casos de dengue e 1.108 mortes confirmadas. "Mesmo
antes da aprovação, o Butantan correu para produzir 1 milhão de doses, porque
sabíamos que eram estudos robustos e que seriam aprovados". Para Perdicaris,
há uma importância grande de a Butantan-DV ser em dose únca: "Para nós que
estamos na operação, isso muda completamente a história do jogo: facilita a
logística e aumenta a adesão da população".
O governador Tarcísio de
Freitas ressaltou a importância do novo imunizante: "ser dose única vai
nos ajudar muito do ponto de vista da logística e da cobertura vacinal.
Infelizmente ainda perdemos muitas vidas para a dengue e é um cenário que vamos
poder reverter rapidamente com uma vacina 100% brasileira".
Leandro Pinheiro Safatle,
diretor-presidente da Anvisa, também presente no evento no Instituto Butantan,
comemorou a aprovação da nova vacina: "O registro da vacina da dengue é
uma fonte de orgulho não só para a Anvisa, mas para o país. Estamos avançando
com o registro de uma tecnologia que é desenvolvida e feita nacionalmente pelo
Instituto Butantan. Os resultados que serão apresentados em breve são muito
bons. O trabalho que foi feito junto com o Butantan pela Anvisa foi fenomenal
entre as duas equipes". Safatle comentou lembrou ainda que o
desenvolvimento da Butantan-DV teve o apoio do "BNDES e do ministério da
Saúde com R$ 130 milhões para a parte da pesquisa de fase 2 e fase 3".
Butantan-DV
A vacina chamada de
Butantan-DV, é o primeiro imunizante contra dengue em dose única do mundo. Ela foi desenvolvida pelo Instituto do
Butantan a partir de uma parceria articulada pelo Ministério da Saúde com a
empresa chinesa WuXi Vaccines.
A nova vacina utiliza a
tecnologia de vírus vivo atenuado, segura e já utilizada em outros imunizantes
em uso no Brasil e no mundo, como a tríplice viral, febre amarela, poliomielite
e algumas da gripe.
De acordo com a avaliação
técnica da Anvisa, a Butantan-DV apresentou uma eficácia global de 74,7% contra
dengue sintomática na população de 12 a 59 anos. Isso significa que, em 74% dos
casos, a doença foi evitada por conta da vacina.
Também demonstrou 89% de
proteção contra as formas graves e com sinais de alarme, conforme publicação na
The Lancet Infectious Diseases.
Agência Brasil


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