MPRN ajuíza ação contra “bets” em Bodó. PGJ questiona na Justiça lei que permitiu "bets".
![]() |
| Reprodução |
MPRN já obteve o bloqueio de
R$ 145 milhões em bens por ilegalidades.
O Ministério Público do Rio
Grande do Norte (MPRN) ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI)
contra a lei municipal de Bodó que instituiu o Serviço Público de Loteria
Municipal, conhecido como LotSeridó. A atuação foi da Procuradoria-Geral de
Justiça (PGJ).
A ação questiona a
legalidade da norma que autorizou a exploração de apostas de quota fixa – as
chamadas “bets” – em âmbito local. O MPRN argumenta que a Constituição Federal
estabelece que somente a União pode legislar sobre serviços de loterias, um entendimento
já pacificado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Súmula Vinculante nºº 2.
Para o MPRN, não há
interesse local que justifique a competência do Município para legislar sobre o
tema. A complexidade na fiscalização e controle da exploração de sorteios e
apostas exige um regime mais abrangente, incompatível com a atuação municipal.
Além disso, ao autorizar
modalidades lotéricas previstas em lei federal, a lei de Bodó estabeleceu um
sistema sem a fiscalização da União, a quem compete regulamentar e credenciar
as operadoras de apostas de quota fixa por meio do Ministério da Fazenda.
Paralelamente à ADI, o MPRN
obteve na Justiça já neste mês de novembro a decretação de medidas cautelares
de sequestro, bloqueio e indisponibilidade de bens no valor de até R$ 145
milhões. A medida se deu em investigação sobre um esquema de exploração
irregular de apostas, inicialmente amparado pela lei municipal.
A investigação do MPRN apura
a ocorrência de crimes como lavagem de dinheiro, induzimento à especulação, exploração
de jogo de azar e loteria não autorizada, associação criminosa e crimes contra
as relações de consumo. O esquema usava a LotSeridó para dar uma aparência de
legalidade a plataformas de apostas online.
O MPRN agiu devido à
flagrante ilegalidade das operações, reforçando a jurisprudência do STF, como a
ADPF 337, que proíbe municípios de explorar serviços de aposta e loterias. As
medidas cautelares, que incluem o bloqueio de saldos em contas, aplicações
financeiras, bens imóveis e veículos, foram consideradas urgentes para evitar a
fuga de capitais e proteger o ressarcimento dos danos causados pela atividade
ilícita.
As empresas credenciadas na
LotSeridó, em apenas 10 meses de funcionamento, movimentaram cerca de R$ 415
milhões em arrecadação, conforme demonstrado pela própria Prefeitura de Bodó.
As investigações indicam, ainda, o uso de “laranjas”, empresas de fachada e a
utilização de falsificação digital institucional para induzir consumidores a
erro sobre a legalidade das apostas.
Ascom


Nenhum comentário