Isenção do IR injeta R$ 28 bilhões na economia, diz Lula
Em pronunciamento, afirmou que desigualdade caiu ao menor
patamar
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite
deste domingo (30), que a desigualdade do Brasil é a menor da história. Em
cadeia de rádio e televisão, ele falou à população sobre a isenção do Imposto
de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e o aumento da taxação para altas rendas.
Ambas medidas valerão a partir de janeiro.
A sanção ocorreu na última quarta-feira (26), em Brasília. O
pronunciamento na noite de hoje dá mais publicidade ao cumprimento de um dos
principais objetivos definidos na campanha de 2022.
Em sua fala, de aproximadamente seis minutos, ele também
citou a criação dos programas Pé-de-Meia, Luz do Povo e Gás do Povo, dentre
outras medidas tomadas pelo seu governo.
“Graças a essas e outras políticas, a desigualdade no Brasil
é hoje a menor da história. Mesmo assim, o Brasil continua a ser um dos países
mais desiguais do mundo. O 1% mais rico acumula 63% da riqueza do país,
enquanto a metade mais pobre da população detém apenas 2% da riqueza”, disse.
“A mudança no Imposto de Renda é um passo decisivo para mudar
essa realidade, mas é apenas o primeiro. Queremos que a população brasileira
tenha direito à riqueza que produz, com o suor do seu trabalho. Seguiremos
firmes combatendo os privilégios de poucos, para defender os direitos e as
oportunidades de muitos”, completou.
Economia
Lula mostrou cálculos para que os beneficiados pela medida
tenham uma noção mais real de quanto poderão economizar ao não pagar mais
Imposto de Renda. “Com zero de imposto de renda, uma pessoa com salário de 4800
pode fazer uma economia de 4 mil em um ano. É quase um décimo quarto salário”.
Lula lembrou que a compensação para os cofres do Estado virá
sobre a taxação dos super-ricos, de pessoas que ganham “vinte, cem vezes mais
do que 99% do povo brasileiro”. Serão 140 mil super-ricos incluídos na cobrança
de 10% de imposto sobre a renda.
Segundo ele, o dinheiro extra nas mãos dos beneficiados deve
injetar R$ 28 bilhões na economia.
Tabela do IR
A nova lei não faz, entretanto, uma correção da tabela do IR.
A novidade é apenas a aplicação da isenção e descontos para essas novas faixas
de renda. Então, quem ganha mais de R$ 7.350 continuará pagando 27,5% de
Imposto de Renda.
Uma eventual correção de toda a tabela custaria mais de R$
100 bilhões por ano, segundo cálculos do governo.
Desde 2023, o governo tem garantido a isenção de Imposto de
Renda para quem ganha até dois salários mínimos, mas isso só beneficia a faixa
inferior da tabela. No total, a tabela tem cinco alíquotas: de zero, 7,5%, 15%,
22,5% e 27,5%.
Mais ricos
Para compensar a perda de arrecadação, o texto prevê uma
alíquota extra progressiva de até 10% para aqueles que recebem mais de R$ 600
mil por ano (R$ 50 mil por mês), cerca de 140 mil contribuintes. Para quem já
paga 10% ou mais, não muda nada.
Hoje, contribuintes pessoas físicas de alta renda recolhem,
em média, uma alíquota efetiva de 2,5% de IR sobre seus rendimentos totais,
incluindo distribuição de lucros e dividendos. Enquanto isso, trabalhadores em
geral pagam, em média, 9% a 11% de IR sobre seus ganhos.
Alguns tipos de rendimentos não entram nessa conta, como
ganhos de capital, heranças, doações, rendimentos recebidos acumuladamente,
além de aplicações isentas, poupança, aposentadorias por moléstia grave e
indenizações. A lei também define limites para evitar que a soma dos impostos
pagos pela empresa e pelo contribuinte ultrapasse percentuais fixados para
empresas financeiras e não financeiras. Caso isso ocorra, haverá restituição na
declaração anual.
Agência Brasil

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