Após seis meses, morre homem que aguardava cirurgia em João Pessoa.
Seis
meses depois de conseguir, por meio de uma decisão judicial, o direito de fazer
uma cirurgia para desobstrução de uma artéria, João batista, de 59 anos, morreu
de infecção generalizada na terça-feira (19) sem conseguir fazer o
procedimento. João foi enterrado no cemitério de Bayeux, na Região
Metropolitana de João Pessoa, na manhã desta quarta-feira (20). A TV Cabo
Branco, por meio do Bom Dia Paraíba, acompanhou a saga de João e conta a
história que terminou em tragédia para a família.
João
Batista morava em Bayeux e em fevereiro do ano passado, por causa da diabetes,
recebeu o diagnóstico de um problema nos rins e que precisava fazer uma
angioplastia para resolver. Em julho de 2015 a família conseguiu uma liminar na
Justiça de Bayeux, que determinou que a Secretaria de Estado da Saúde
realizasse a cirurgia em até oito dias, sob pena de multa de R$ 500 por dia de
descumprimento, por causa de um problema de circulação que João desenvolveu no
braço.
Em
setembro do mesmo ano, 60 dias depois da decisão, o Estado emitiu a ordem de
serviço e empenho que garantia o pagamento da cirurgia, no valor de pouco mais
de R$ 23 mil. No relatório do caso, a secretaria disse que fez vários contatos
com a clínica que faria a cirurgia e que o hospital se negou a fazer o
procedimento sem apresentar justificativa. A direção do hospital falou que não possuía
convênio com o Sistema Único de Saúde (Sus) e que por isso dependia do
pagamento prévio para fazer a cirurgia.
No
dia 5 de janeiro deste ano, o Governo do Estado encaminhou um ofício à Justiça
de Bayeux informando que o sistema financeiro do estado estava fechado, e que
por isso não tinha como fazer o pagamento do procedimento. No dia 14, um dia
depois que João teve o braço amputado, a Justiça cobrou agilidade do estado. Na
terça-feira (19), João não resistiu e morreu. Ele estava internado na UTI do
hospital São Vicente de Paula, em João Pessoa.
A
promotora da Saúde Maria das Graças Azevedo, por telefone, explicou a TV Cabo
Branco que vai enviar um ofício para o hospital onde ele estava internado, para
entender o caso e só então se pronunciar. A secretaria de comunicação
institucional do Governo do Estado divulgou um áudio nesta quarta-feira
afirmando que vai processar a clínica que não realizou a cirurgia.
Enquanto
isso, a família, que perdeu o aposentado, se preocupa com outras pessoas que
passam por situação parecida. “Estamos revoltados porque a cirurgia foi
autorizada. Se tivesse sido feita, ele teria ficado um pouco mais aqui com a
gente. Meu tio foi embora, mas há muitos outros esperando. Do jeito que
aconteceu com ele pode acontecer com os outros”, concluiu Andrea Delix,
sobrinha de João.
O
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil na Paraíba (OAB-PB) Paulo Maia,
disse que a família deverá com auxílio de um advogado postular em juízo a
pretensão indenizatória. "Infelizmente é o que resta fazer",
ressaltou ele.
G1
Post Comment