Polícia Federal prende Wesley Batista, da J&F, em São Paulo.
A Polícia Federal prendeu na
manhã desta quarta-feira (13) um dos donos da J&F e diretor presidente da
JBS, Wesley Batista, em São Paulo. A ordem de prisão preventiva, sem data para
expirar, foi expedida pela 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo.
Ele foi preso na
investigação do uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado
financeiro entre abril e 17 maio de 2017, data de divulgação de informações
relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado entre executivos da
J&F e a Procuradoria Geral da República (PGR).
O irmão de Wesley, Joesley,
também foi alvo de mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça Federal
em São Paulo nesta mesma ação. Ele já está preso desde domingo (10), mas por
outra acusação. O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal
(STF), Edson Fachin, acatou o pedido de prisão temporária por conta de indícios
de que Joesley tenha omitido informações na delação feita à PGR - o que
anularia o acordo que lhe garante imunidade.
Com o novo mandado de prisão
preventiva, Joesley deve, então, seguir preso quando acabar o prazo de cinco
dias da prisão temporária que cumpre atualmente.
Pierpaolo Cruz Bottini,
advogado de defesa dos irmãos Batista, classificou como "injusta, absurda
e lamentável" o mandado de prisão preventiva cumprido pelos policiais
nesta quarta. Segundo ele, a dupla de empresários "sempre esteve à
disposição da Justiça, prestou depoimentos e apresentou todos os documentos
requeridos". "O estado brasileiro usa de todos os meios para promover
uma vingança contra aqueles que colaboraram com a Justiça", completou.
Informações privilegiadas
As prisões fazem parte da 2ª
fase da Operação Tendão de Aquiles, em que também foram cumpridos dois mandados
de busca e apreensão. A 1ª fase foi deflagrada em 9 de junho quando foram
cumpridos três mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução
coercitiva.
A J&F, seus
controladores e outras empresas do grupo são investigadas por uso de informação
privilegiada. A JBS confirmou que comprou dólar no mercado futuro horas antes
da divulgação de que seus executivos fizeram delação premiada. O dólar disparou
no dia seguinte, subindo mais de 8%, o que trouxe ganhos a empresa.
Os irmãos Batista teriam
praticado, então, o chamado “insider trading”, que é o uso de informações
privilegiadas para lucrar na venda ou na compra no mercado financeiro, com a
compra de U$ 1 bilhão às vésperas da divulgação da gravação e da venda de R$
327 milhões em ações da JBS durante seis dias do mês de abril enquanto os réus
negociavam a delação premiada com a PGR.
A compra de dólar na véspera
do vazamento dos áudios da delação premiada levou a empresa a obter ganhos
financeiros, já que a cotação da moeda disparou nos dias seguintes à divulgação
das conversas. A Justiça Federal chegou a determinar o bloqueio de R$ 800
milhões das contas de Joesley Batista após a denúncia, mas depois autorizou que
a quantia voltasse a ficar disponível para o empresário.
Em nota divulgada quando a
acusação foi protocolada na Justiça, via ação popular, a J&F afirmou que
"tem como política e prática a utilização de instrumentos de proteção
financeira visando, exclusivamente, minimizar os seus riscos cambiais e de
commodities provenientes de sua dívida, recebíveis em dólar e de suas operações".
Segundo a PF, caso sejam
responsabilizados, os irmãos Batista podem ser condenados a penas de 1 a 5 anos
de reclusão e multa de até três vezes o valor da vantagem ilícita obtida.
G1
Nenhum comentário