Câmara aprova projeto que amplia possibilidade de repasse a municípios.
O plenário da Câmara aprovou
nesta quarta-feira (5) projeto que flexibiliza a Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) ao permitir que municípios ultrapassem o limite de gastos com despesa de
pessoal sem sofrer punições. O texto segue para sanção presidencial.
Pela proposta, originada no
Senado, a medida alcançará apenas os municípios cuja receita tenha queda maior
que 10% em decorrência da diminuição das transferências recebidas do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) oriundas de concessão de isenções tributárias
pela União e devido à diminuição das receitas recebidas de royalties e
participações especiais.
Com a aprovação, municípios
poderão receber transferências voluntárias, obter garantia direta ou indireta
de outro ente e contratar operações de crédito, mesmo se não reduzirem despesas
com pessoal que estejam acima do limite.
Ao todo, foram 300 votos
favoráveis ao projeto; 46, contrários; e 5 abstenções.
Discussão
O deputado Bebeto (PSB-BA)
defendeu que o projeto não tem o objetivo de flexibilizar a Lei de
Responsabilidade Fiscal. "Qual é o centro do PLP? É que quando haja, por
parte do governo federal, por exemplo, uma desoneração exacerbada de folha de
pagamento com impacto direto nas receitas de estados e municípios, na formação
do FPM, ou que haja uma crise econômica que assole aquele município, que
efetivamente os prefeitos não sejam penalizados com a falta de recebimento das
receitas do FPM", afirmou.
Segundo o deputado Wolney
Queiroz (PDT-PE) atualmente 80% dos municípios brasileiros encontram-se em
situação fiscal difícil ou crítica. "[Esses entes] são altamente
dependentes das transferências de recursos do Fundo de Participações de
Municípios e das compensações financeiras decorrentes da exploração do setor de
petróleo e gás natural, dos recursos hídricos utilizados na geração de energia
elétrica e dos minerais", disse.
A Lei de Responsabilidade
Fiscal determina que estados e municípios não podem comprometer mais de 60% das
receitas de gastos com pessoal. Segundo Wolney Queiroz, mesmo que recursos do
fundo tenham historicamente apresentado crescimento nominal positivo e mesmo
que o município não aumente o seu quadro de pessoal, “continuam a descumprir o
limite de gastos com pessoal, o que o impede de receber transferências
voluntárias destinadas, principalmente, à execução de obras de infraestrutura”.
Em voto contrário, o
deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA) argumentou que a matéria seria considerada
flexibilização da LRF. "Precisamos estar atentos para isso. Acho que essa
é uma lei dura, mas que conseguiu enquadrar os municípios e não levar a uma
quebradeira geral. A Lei de Responsabilidade Fiscal é boa, que segura os
municípios nos eixos e, se nós continuarmos fazendo esse tipo de alteração,
esse tipo de flexibilização, nós podemos estar condenando os municípios a não
conseguirem pagar as suas contas no final do mês, porque o aumento de pessoal
será tamanho que não se conseguirá pagar mais servidor", ressaltou.
Agência Brasil
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