ATENÇÃO: Alunos e servidores da UFRN e do IFRN protestam contra cortes no orçamento das instituições.
Alunos e servidores de
diferentes campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte (IFRN) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
protestaram nesta quarta-feira (8) contra os cortes orçamentários anunciados
pelo Governo Federal. O ato começou em Natal, no cruzamento entre as avenidas
Salgado Filho e Bernardo Vieira, em frente ao Campus Central do Instituto.
Por volta das 17h os
manifestantes saíram em caminhada pela Avenida Salgado Filho, no sentido Zona
Sul. Com faixas e cartazes, eles entoaram cantos e frases em defesa da educação
e da ciência. O grupo fez nova parada na altura do Natal Shopping, na BR-101,
bloqueando novamente o trânsito. O protesto foi encerrado por lá, pouco depois
das 20h.
"A gente faz pesquisa
de ponta em várias áreas, em várias linhas dentro da neurociência no Instituto
do Cérebro e isso exige que a gente tenha financiamento, se a gente não tem vai
acabar havendo uma saída de cientistas do país. Teve um movimento de retorno,
da repatriação de cientistas em 2008 e 2009, onde muitas pessoas que saíram do
país querendo ter melhores condições de trabalho, voltaram para o Brasil
querendo construir uma ciência de primeiro mundo aqui. Mas agora vai ficar
inviável porque a gente não tem como sustentar um laboratório, uma pesquisa se
a gente não tem financiamento pra isso. E se a gente não tem como fazer
pesquisa a educação vai ficar altamente comprometida", disse Geissy
Araújo, pós-doutoranda em neurociências do Instituto do Cérebro.
Juntas, UFRN, IFRN e Ufersa
tiveram cortes anunciados de R$ 101 milhões no orçamento. Em entrevista ao G1,
a reitora da UFRN, Ângela Paiva, afirmou que com o corte no orçamento a
instituição deverá demitir 1.545 servidores terceirizados e suspender parcial
ou totalmente suas atividades ainda em setembro deste ano.
O IFRN também terá
dificuldade de manter a estrutura dos campi. De acordo com o professor Márcio
Azevedo, pró-reitor de Pesquisa e Inovação que está respondendo pela
instituição, uma das áreas afetadas é a manutenção das unidades.
Além disso, ainda segundo o
docente, o Instituto Federal terá dificuldade de comprar insumos e garantir a
manutenção dos laboratórios. Bolsas de pesquisa e extensão também devem ser
cortadas, por falta de dinheiro. “E essas bolsas são muito importantes, porque
os estudantes praticam nesses projetos de extensão o que aprendem em sala de
aula”, acrescenta Azevedo.
O professor afirma que as
aulas de campo também serão comprometidas, porque o IFRN não terá como arcar
com as diárias de motoristas e com o combustível do transporte. “Aulas que são
muito importantes para os cursos de Geologia e Controle Ambiental, por
exemplo”, diz.
Márcio Azevedo responde pela
administração do Instituto Federal no Rio Grande do Norte interinamente, pois o
reitor, Wyllys Farkatt, está em Brasília. Segundo Azevedo, Farkatt tem reuniões
marcadas com a bancada federal potiguar e com o Conselho Nacional das Instituições
da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).
Os encontros, em que os
representantes de cada estado também vão tentar acesso aos secretários do
Ministério da Educação, visam a tentar solucionar a questão da diminuição da
verba.
O professor Márcio Azevedo
explica que, como o corte é referente a todo o orçamento, contudo incidirá
sobre o segundo semestre, acaba tendo um maior impacto. “No fim das contas, é
como se fosse mais de 30%, porque recairá sobre o dinheiro disponível para o
segundo semestre, a parte do orçamento que não foi gasta”.
Por Rafael Barbosa, G1 RN
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