Entidades de advocacia afirmam que funções essenciais não podem ser extintas sob argumentos econômicos.
Representantes da Associação
Paraibana da Advocacia Municipalista (APAM) e da Comissão da Advocacia
Municipalista junto à Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Paraíba
(OAB-PB), participaram nesta quinta-feira (26) de uma discussão na Assembleia
Legislativa da Paraíba (ALPB) para tratar sobre o fechamento de comarcas em 16
municípios paraibanos. Atualmente, a Paraíba conta com 78 comarcas. Sob
argumentos de contenção de despesas, o Tribunal de Justiça quer fazer uma
reformulação na estrutura.
O secretário-geral da APAM e
presidente da Comissão Municipalista, Josedeo Saraiva, destacou que as funções
essenciais do estado não podem ser melindradas sob argumentos econômicos. “Eu
acredito que o acesso à Justiça, inclusive isto consta na Declaração dos Direitos
Humanos, é um princípio que não pode retroceder. Então você não pode tirar
daqueles que conseguiram a duras penas o acesso à Justiça através de uma
comarca. Isso é um retrocesso”, destacou.
Segundo as entidades, a
extinção de comarcas vai dificultar ainda mais o acesso à Justiça. “O processo
se inicia com a audiência de conciliação, ou seja, todo e qualquer
jurisdicionado para ter a sua demanda analisada precisa ir à comarca. Uma coisa
que para ele não era tão simples, pode ser tornar inviável, impossível”,
destacou Josedeo, acrescentando que a própria resolução do Tribunal de Justiça
manda ouvir a população, realizar uma audiência prévia, e isso não aconteceu.
“A resolução fala também no número mínimo de
processos que tem que haver em cada comarca. No caso da Comarca de Serra
Branca, por exemplo, são atendidos todos os requisitos. Esta comarca seria
abrigada pela de São João do Cariri, que possui um indicativo de extinção
segundo os estudos. O motivo determinante para a mudança foi que São João do Cariri
tem juiz, tem promotor e tem Fórum, mas Serra Branca também possui esses três
itens e também tem a sede do Pelotão da Policia Militar. Então entendemos que o
motivo determinante é falho e a presidência do TJ precisa rever essa situação”,
afirmou.
As entidades argumentam que
comarcas que já estão sobrecarregadas, vão receber todas as demandas das que
serão extintas. Além disso, as pessoas precisarão se deslocar para outros
municípios. “Entendemos a questão financeira, mas devemos atuar para que as pessoas
tenham acesso à Justiça e essa decisão vai dificultar esse acesso que já é tão
difícil”, destacou o presidente da APAM, Marco Villar.
As comarcas que poderão ser
extintas estão nos municípios de Araçagi, Araras, Barra de Santa Rosa, Bonito
de Santa Fé, Cabaceiras, Cacimba de Dentro, Caiçara, Malta, Paulista, Pilões,
Prata, Santana dos Garrotes, São Mamede, São João do Cariri, Serraria e Brejo
do Cruz.
Assessoria de Imprensa
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