Pleno decide que 15 comarcas serão agregadas a outras unidades judiciárias vizinhas.
Por maioria qualificada de
votos (14 votos a 2), o Pleno do Tribunal de Justiça aprovou, nesta
quarta-feira (16), projetos de resoluções propostos pelo presidente do TJ,
desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos, que prevê a desinstalação
provisória de 15 comarcas do Estado – que não preenchem os requisitos de
funcionamento nos termos da Lei de Organização e Divisão Judiciárias (Loje) da
Paraíba – e agregação das mesmas a comarcas vizinhas, com distância média de
24,91 quilômetros. O objetivo da medida é estruturar melhor as unidades
ampliadas, gerando uma economia que será revertida em tecnologia e força de
trabalho, a fim de aumentar a produtividade e garantir eficiência e celeridade,
conforme exaltou Márcio Murilo.
Ao defender o projeto, o
presidente enfatizou que não se trata de extinção, visto que a medida a
qualquer momento poderá se revista. Seguiu, apresentando dados estaduais e
nacionais, estabelecendo comparativos e apresentando os ganhos alcançados nos
estados em que a agregação foi feita (TJSP, TJMA, TJBA e TJRS). Falou, ainda, do Tribunal de Justiça de
Sergipe, que, em relação à Paraíba, possui menos juízes e fóruns, mais
processos, porém uma maior produtividade. Na ocasião, expôs circunstâncias
desfavoráveis do Judiciário estadual que, a seu ver, devem ser enfrentadas:
excesso de comarcas, má distribuição de força de trabalho e falta de incentivo
à produção.
Na ocasião, o presidente
detalhou, também, a situação de cada unidade a ser agregada: número de
processos, distribuição por ano, número de servidores, estrutura do fórum,
distância entre comarcas agregadas e agregadoras, entre outras características,
atentando que todas que entraram em análise no tocante à possibilidade de
agregação apresentam decréscimo de casos novos.
Márcio Murilo lembrou,
ainda, que a agregação envolve, em quase sua totalidade, comarcas que estão sem
juízes titulares e que possuem menos da metade da média paraibana em termos de
casos novos, conforme dados técnicos disponibilizados pela ferramenta de BI
(business intelligence) do TJPB. Entre
elas, se encontra a comarca de Cacimba de Dentro, menor do Estado, com 222
feitos novos por ano.
“Os jurisdicionados das
comarcas a serem agregadas a outras terão de se deslocar, mas, com a certeza de
que haverá a audiência, a presença do juiz e a celeridade do seu julgamento, ou
seja, uma jurisdição mais efetiva”, arrematou.
O gestor da Política de
Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de Jurisdição no TJPB, desembargador
Oswaldo Trigueiro do Valle Filho, afirmou que o principal ganho do projeto é
dar celeridade à resposta jurisdicional, sendo este benefício mais importante
do que a presença de um fórum físico.
“É fundamental garantir que o
jurisdicionado tenha uma resposta da Justiça sobre sua questão. Muitas dessas
comarcas estão com um défict enorme de demanda, gerando prejuízo ao Judiciário.
Este projeto parte de estudos técnicos, estatísticos e profundos, que levaram
em conta os critérios e os requisitos da Loje, além de situações práticas e
pontuais de cada comarca, como ausência de Defensoria Pública, Ministério
Público, zona eleitoral, além do critério populacional, entre outros”, revelou
Oswaldo Trigueiro.
Também o presidente do Comitê
de Priorização do Primeiro Grau, desembargador Fred Coutinho, ao aprovar o
projeto, pontuou que a matéria foi enfrentada com muito estudo e debate com os
desembargadores e com a própria sociedade. “Minha posição já estava formada
desde as discussões no Comitê de Priorização. Quando tive acesso às informações
do BI, vi que tínhamos uma necessidade momentânea para enfrentarmos situações
de precariedade. Com essa medida, estaremos mais próximos de uma prestação
jurisdicional correta. Vamos somar forças para alcançarmos a melhoria dos
serviços”, destacou.
A presidente da Associação
dos Magistrados da Paraíba (AMPB), juíza Aparecida Sarmento Gadelha, declarou
que, embora seja uma medida impactante para o jurisdicionado, visto que algumas
localidades deixarão de ter fóruns à disposição, faz parte de algo maior para a
sociedade, que é a reestruturação do Judiciário.
“É preciso mexer nas
estruturas, tanto do 1º quanto do 2º Grau, para que possamos encontrar recursos
e direcioná-los ao 1º Grau, onde se encontram as comarcas e varas com o maior
número de processos e que precisam desse suporte para julgar mais e melhor”,
explicou.
As agregações serão feitas
conforme tabela abaixo e a migração dos processos dessas unidades terá início
nesta quinta-feira (17).
Também foi aprovada a
desinstalação da 2ª Vara Mista da Comarca de Conceição, 3ª Vara Mista da
Comarca de Monteiro, e da 2ª e 3ª Varas Mistas da Comarca de Princesa Isabel,
que serão agregadas dentro das próprias unidades.
Por Gabriela Parente / Ascom-TJPB
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