Cerca de 2 mil ricos constam na lista de beneficiários do auxílio emergencial na Paraíba, diz CGU.
Investigação da
Controladoria Geral da União identificou empresários, donos de carros de alto
padrão e embarcações na lista do auxílio de R$ 600 do governo federal no
estado.
Cerca de duas mil pessoas
são alvo de uma investigação feita pela Controladoria-Geral da União (CGU) na
Paraíba por terem um padrão de renda alto, consideradas ricas, e mesmo assim
constarem na lista das beneficiários do estado que receberam pelo menos uma
parcela do auxílio emergencial pago pelo governo federal durante a pandemia do
coronavírus.
De acordo com o
superintendente da CGU na Paraíba, Severino Souza de Queiroz, entre as pessoas
identificadas como beneficiárias indevidas, por terem um alto padrão de
consumo, estão filhos de políticos, empresários e até proprietários de
embarcações.
Um outro levantamento feito
pela CGU em parceria com o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) já
havia identificado quase 26 mil servidores públicos de prefeituras e do governo
do estado tinham recebido a ajuda de R$ 600 indevidamente.
O trabalho de cruzamento de
informações está sendo feito a partir de base de dados de vários órgãos com a
planilha de beneficiários do auxílio emergencial fornecida pelo Ministério da
Cidadania. Severino Souza de Queiroz explica que neste momento estão sendo
identificados beneficiários indevidos por três critérios:
proprietários de veículos de
alto custo
proprietários de embarcações
empresários ou sócios em
grandes empresas
“Estamos usando a base de
dados do Renavan, bem como identificando a lista de pessoas jurídicas que
constam como beneficiários. Além disso, temos recebido uma série de denúncias,
de pessoas que supostamente constam na lista como beneficiário, mas que são filhos
de grandes empresários, de políticos, de pessoas que realmente não precisam
dessa ajuda”, comentou.
Nos dados preliminares da
CGU, constam mais de 500 beneficiários empresários, mais de mil pessoas que são
proprietárias de veículos de alto padrão, com valor médio de R$ 60 mil, e pelo
menos 100 pessoas que são donas de embarcações.
Ainda de acordo com Severino
Souza de Queiroz, após o cruzamento de dados, as pessoas enquadradas como
beneficiárias que não atendem aos critérios, vão ser notificadas a se explicarem
e realizar a devolução voluntária dos valores recebidos a partir da ajuda
financeira disponibilizada pelo governo federal para pessoas que estão passando
por uma crise financeiro dentro da pandemia do coronavírus.
Embora pese a possibilidade
dos identificados terem sido usados por golpistas, pois o cadastro é feito com
dados fáceis de serem obtidos, o superintendente da CGU na Paraíba explicou que
essas pessoas vão precisar devolver o dinheiro aos cofres públicos de alguma
forma.
Conforme dados nacionais
fornecidos pelo Ministério da Cidadania, que não possui o detalhamento por
estados da federação, até a sexta-feira (19), 47,7 mil pessoas que receberam o
benefício, mas não se enquadravam nos critérios da lei, devolveram os recursos
do auxílio emergencial.
Com isso, voltaram aos
cofres públicos R$ 39,6 milhões. Na Paraíba, segundo levantamento divulgado
pela Caixa Econômica Federal, aproximadamente R$ 2 bilhões foram pagos a
beneficiários por meio do auxílio emergencial desde o início do calendário do
benefício.
Por André Resende, G1 PB
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