Novembro Azul e a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata.
O câncer de próstata é a
neoplasia sólida mais comum e a segunda maior causa de óbito (oncológico) no
sexo masculino. É o câncer mais incidente nos homens (excetuando-se o câncer de
pele não melanoma) em todas as regiões do Brasil. Atualmente, é feito um
diagnóstico de câncer de próstata a cada 7 minutos e registra-se um óbito pela
doença a cada 40 minutos. Trabalhos científicos mostram que 25% dos portadores
de câncer de próstata morrem devido a doença e 20% dos pacientes são
diagnosticados em estágios avançados.
Quando os sintomas começam a
aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada. Não é possível evitar a doença,
mas é possível diagnosticá-la precocemente e, desse modo, as chances de cura
são superiores a 90%. Os números apresentados justificam a necessidade de um
acompanhamento com o Urologista a partir da quarta década de vida.
Segundo dados do Instituto
Nacional do Câncer (INCA), estima-se que haverá mais de 65.840 novos casos no
Brasil, enquanto nos Estados Unidos, segundo a Sociedade Americana do Câncer, a
estimativa é de 191.930 novos casos e 33.330 óbitos este ano.
É considerado um câncer da
terceira idade, isto é, em três quartos dos casos no mundo, manifesta-se a
partir dos 65 anos. O aumento da incidência no Brasil pode ser justificado pela
evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos
sistemas de informação e também e pelo aumento na expectativa de vida.
O INCA e a Sociedade
Brasileira de Urologia (SBU) destacam a alta incidência do câncer de próstata
e, assim, ressaltam a importância da consulta médica, que tem como objetivo o
diagnóstico precoce. Lembramos que, nos estágios iniciais, a doença não
manifesta qualquer sinal ou sintoma, justificando assim uma visita ao
consultório do Urologista, que fará um histórico clínico detalhado somado ao
toque prostático e solicitação de outros exames necessários, como o PSA (antígeno
prostático específico), que podem sugerir a suspeita de um câncer. A
confirmação do diagnóstico faz-se por uma biópsia de próstata.
Os fatores de risco para
câncer de próstata são: idade, raça negra, obesidade, hábitos alimentares ricos
em gorduras, sedentarismo e fator familiar (quando se tem um parente de
primeiro grau com câncer de próstata, a probabilidade é até duas vezes maior; e
para aqueles que tem dois parentes de primeiro grau, essa probabilidade é até
seis vezes maior).
A SBU recomenda que homens
com mais de 50 anos procurem um Urologista, para uma avaliação individualizada.
Homens da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata
devem começar aos 45 anos. O rastreamento será realizado após ampla discussão
de riscos e potenciais benefícios, em uma decisão compartilhada com o paciente.
Segundo a SBU, muitos homens
têm "medo" do diagnóstico de câncer, mas os urologistas enfatizam que
a medicina tem evoluído para proporcionar aos pacientes tratamentos menos
invasivos e cada vez mais eficazes.
Novidades em exames de
imagem são incorporadas ao cotidiano, como a ressonância magnética
multiparamétrica, que torna mais precisas as indicações de biópsias, evitando
procedimentos desnecessários ou o PET CT com PSMA que pode rastrear doenças
metastáticas de pequeno volume em locais incomuns.
Desse modo, os tratamentos
tornam-se individualizados a partir da coleta de dados sobre o tumor, como por
exemplo: seu volume; sua extensão e grau de agressividade e exames de imagem.
Além de considerar, também, a idade e perspectiva de vida do paciente, doenças
associadas, valor do PSA e Toque Retal, no momento do diagnóstico. Desse modo,
evitam-se tratamentos agressivos e desnecessários para doenças de baixo risco
de progressão.
Todos os homens devem ser
esclarecidos sobre o câncer da próstata e suas implicações. Jamais podemos
deixar de diagnosticá-lo em homens saudáveis e, assim, discutir a melhor opção
terapêutica. Deixar o câncer se manifestar espontaneamente é um grande risco e
causa sofrimento para o paciente e sua família, considerando a evolução e potencial
agressividade desse tumor.
*Dr. Marco Aurélio Lipay é
Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo),
Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro
Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia e Autor
do Livro "Genética Oncológica Aplicada à Urologia".
Assessoria
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