Defesa alega que delegado preso plantava maconha para consumo próprio.
Marcelo Marinho de Noronha,
dois filhos e a esposa tiveram a prisão em flagrante convertida para preventiva
por tráfico de drogas. Eles são suspeitos de manter uma plantação de maconha em
uma chácara, em São Sebastião.
O delegado da Polícia Civil
do Distrito Federal Marcelo Marinho de Noronha, 54 anos, foi preso em
flagrante, na sexta-feira (4/12), pelos crimes de tráfico de drogas e
associação para a produção e tráfico. O auto de prisão partiu da 2ª Vara de
Entorpecentes do Distrito Federal após investigações coordenadas pela
Corregedoria Geral da corporação encontrarem uma plantação de maconha em uma
chácara, em São Sebastião. Os dois filhos dele — Marcos Rubenich Marinho de
Noronha, 20, e Ana Flávia Rubenich Marinho de Noronha, 25 — e a esposa, Teresa
Cristina Cavalcante Lopes, 39, também estão presos pelos mesmos crimes.
Marcelo Noronha integra,
desde maio, a Comissão Permanente de Disciplina, da Direção-Geral da Polícia
Civil do Distrito Federal. Ele atuou como diretor da Penitenciária do Distrito
Federal II, da Subsecretaria do Sistema Penitenciário do DF, e esteve à frente
da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) e da 16ª DP (Planaltina). Noronha trabalha
nos órgãos de Segurança Pública do Distrito Federal desde 2012. Após a prisão,
o diretor-geral da Polícia Civil do DF, Robson Cândido, pediu a exoneração de
Marcelo Marinho de Noronha. A saída do delegado deve ser oficializada em
publicação no Diário Oficial do DF.
Durante a audiência de
custódia, que ocorreu ontem, o juiz substituto do Núcleo de Audiência de
Custódia, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT),
Evandro Moreira da Silva, converteu a prisão em flagrante dos quatro suspeitos
em preventiva. Segundo a decisão do magistrado, a prisão foi mantida devido ao
envolvimento dos acusados com o caso.
Esquema
A investigação policial
contra o delegado Marcelo Noronha iniciou após uma denúncia anônima a qual
apontava que Marcelo atuava em esquema de tráfico de drogas com os dois filhos.
Tendo em vista a gravidade das acusações, policiais iniciaram o monitoramento
dos suspeitos e chegaram em uma chácara no DF, onde foi encontrada a plantação
de maconha. Segundo consta no documento da audiência de custódia, o local
estaria vinculado à esposa de Marcelo, Teresa Cristina. Os autos revelam que um
jardineiro recebia R$ 700 por semana para cuidar do cultivo.
Com o auxílio de um drone, a
Polícia Civil constatou a existência de estufas e iluminação artificial na
chácara para o cultivo do entorpecente. Diante das informações coletadas, foram
expedidos mandados de busca e apreensão nas residências dos suspeitos e na
chácara.
Segundo relato do policial
que fez o flagrante, durante a audiência de custódia, o esquema de produção da
droga era industrial. “Nunca, em 22 anos de polícia, havia visto algo
semelhante”, afirmou. Foram encontrados no local instrumentos como estufa,
iluminação artificial, sementes, vasos, tesouras, balanças de precisão,
documentos supostamente relacionados ao ilícito, armas e munições, inclusive de
propriedade da Polícia Civil.
Na residência do casal,
foram encontradas porções de maconha, resinas para a produção de droga,
fertilizantes e embalagem postal, além de contas de água e energia elétrica da
chácara. De acordo com o policial condutor do flagrante, Marcelo Noronha teria
informado que, na viagem que fez recentemente para a Colômbia com a esposa,
teria comprado sementes para a produção de cannabis sativa. Os entorpecentes,
segundo o suspeito, seriam fornecidos para amigos próximos.
Foram encontradas 24 plantas
grandes de cannabis sativa, com a massa líquida estimada de 16,8 kg; 105 mudas
pequenas da mesma planta, com a massa líquida estimada de 24,85g. De acordo com
os autos da audiência de custódia, a grande quantidade de plantas encontradas
no local configura em delito de tráfico, e não apenas a de produção para uso
próprio da substância.
O advogado de defesa da
família, Cleber Lopes de Oliveira, disse que vai entrar com o pedido de habeas
corpus dos suspeitos amanhã. “Houve uma precipitação da polícia em afirmar que
o Marcelo, um delegado, estaria envolvido em esquema de tráfico. As plantas são
pequenas ainda, são mudas, e muitas nem vingam. Não tem nenhum elemento que
prove a participação do Marcelo na prática de tráfico”, afirmou o advogado. De
acordo com ele, Marcelo Noronha teria plantado as mudas para uso terapêutico
próprio.
Por Cibele Moreira/Correio
Braziliense
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