PANDEMIA DOS NÃO VACINADOS: estados confirmam a efetividade da vacina na prevenção de mortes.
São Paulo, Rio de Janeiro, Minas,
Amazonas, entre outros, já confirmam que maioria das mortes está relacionada a
pacientes que não foram imunizados ou não completaram a imunização.
Quem são as pessoas que estão
morrendo por coronavírus em 2022? Qual o impacto exato da vacinação na
prevenção das mortes? Não há um levantamento do Ministério da Saúde sobre o
tema. Mas diferentes dados de secretarias estaduais de saúde confirmam o alerta
de especialistas:
|os não vacinados são a maioria
das vítimas pela doença nesta atual fase da pandemia|.
Amazonas, Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito
Santo divulgaram dados de diferentes tipos que confirmam a efetividade da
vacina (veja destaques abaixo). Por exemplo, Santa Catarina apontou que o risco
de idosos não vacinados ou com vacinação incompleta morrer de Covid foi 47
vezes maior do que naqueles que já receberam a dose de reforço.
Para Juarez Cunha, presidente da
Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), os dados já refletem uma verdade
que, para ele, é consistente. O fato de terem metodologias diferentes não muda
o que eles indicam.
"Baseado no que tem sido
divulgado, tanto por secretarias estaduais, quanto por outros países, o que tem
sido observado é exatamente isso: a imensa maioria das internações mais graves
não tem o esquema vacinal completo", afirma Juarez Cunha.
Ethel Maciel explica que, mesmo
sendo pesquisadora, não está conseguindo acessar as taxas de mortalidade
relacionadas ao coronavírus em vacinados e não vacinados. " É preciso ter
dado com essa informação e não temos abertos", explica a professora da
Universidade Federal do Espírito Santo e pós-doutora em epidemiologia pela Universidade
Johns Hopkins.
A dificuldade para os
pesquisadores está na falta de integração entre os sistemas federais que
consolidam dados de vacinação e os de casos e mortes por Covid, dificuldade
para a qual o Ministério da Saúde não ofereceu alternativa e não realizou
estudos próprios.
O g1 entrou em contato com o
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que sinalizou que também
não tem um levantamento nacional a respeito do assunto. Já o ministério disse
que estaria levantando as informações junto à área técnica, mas, até a
publicação desta reportagem, não havia enviado as informações.
Veja abaixo dados estaduais:
Amazonas
No Amazonas, estado que nos
últimos dois janeiros pandêmicos viu o número de casos e mortes do coronavírus
disparar. A diferença em comparação com o ano passado é brusca: no primeiro mês
de 2021, o estado havia perdido 3.556 pessoas para a Covid-19. Neste ano, até 3
de fevereiro, a Secretaria de Estado de Saúde aponta 152 mortes pela Covid-19.
Dentre elas, 62,5% não tinham se
vacinado ou completado o esquema de imunização. Wilson Lima, governador do
estado, diz que os "números confirmam que a gente está no caminho certo,
incentivando a vacinação".
Dentre os estados que já
contabilizaram seus dados, o Amazonas tem um dos índices mais baixos – 6 a cada
10 mortes — em outras regiões, os não vacinados somam percentuais maiores:
Rio Grande do Sul
Estudo do governo estadual
apontou que 68% das hospitalizações e 70% das mortes por Covid-19 entre
dezembro e janeiro ocorreram em pessoas não vacinadas ou com alguma dose em
atraso.
Santa Catarina
A taxa de óbitos em idosos não
vacinados ou com vacinação incompleta foi 47 vezes maior do que naqueles que já
receberam a dose de reforço. Já entre os adultos, a taxa entre os não vacinados
ou com vacinação incompleta foi 39 vezes maior do que naqueles que receberam a
dose de reforço.
Paraná
O risco de mortes entre as
pessoas de 12 a 59 anos que não tomaram nenhuma vacina é de 6,59 por 100 mil
habitantes no estado. Já o índice de mortalidade na mesma faixa etária cai para
0,29/100 mil pessoas com o esquema completo e o reforço. O relatório do estado
aponta que vacinados têm uma chance 22 vezes menor de morrer pela doença.
São Paulo
O estado ainda não fechou seus
dados completos, mas divulgou um estudo realizado no hospital Emilio Ribas: 82%
dos óbitos dos internados por Covid-19 não tinham esquema vacinal com 3 doses.
O levantamento foi realizado nos últimos três meses na unidade, que é
referência para atendimentos de casos graves do coronavírus. Dos 17 óbitos que
ocorreram na unidade, 14 não tinham esquema vacinal com 3 doses.
Rio de Janeiro
Os dados de janeiro de 2022
mostram que pessoas não vacinadas ou que receberam apenas uma dose têm 73% mais
risco de serem internadas com Covid-19 do que os vacinados com duas doses. A
taxa de incidência de internação está em 21,3 por 100 mil habitantes para não
vacinados ou com apenas uma dose; e em 12,3 por 100 mil entre os vacinados com
duas doses.
Minas Gerais
O estado apresentou os dados
desde o início da vacinação em 2021, mas apenas de internação em UTI: não
vacinados apresentam uma taxa de 8,2 por 100 mil habitantes, enquanto os
vacinados com duas doses têm um índice de 0,6 por 100 mil habitantes.
Espírito Santo
A taxa de mortalidade em janeiro
de 2022 é de 130 por 100 mil para não vacinados, enquanto para apenas uma dose
é de 4,3 para 100 mil. Já com duas doses ou com reforço é de 2,4 para 100 mil.
A secretaria aponta que a taxa de mortalidade dos vacinados com o ciclo
completo é 56 vezes menor do que a dos não vacinados.
Por Carolina Dantas, g1
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