Entenda por que o FPM é fundamental para as cidades mais pobres.
Mais de 60% das prefeituras
do Brasil dependem do Fundo para manter as contas em dia.
O Fundo de Participação dos
Municípios (FPM) é uma das principais fontes de receita dos municípios e ajuda
a custear despesas obrigatórias, como pagamento de servidores públicos e
Previdência, além de melhorias para a população. Para se ter ideia do valor
desta ajuda do governo, a União Federal repassou às prefeituras, no último dia
20 de março, um total de R$ 1.105.953.227,84 – referente ao segundo decêndio de
março (são três depósitos por mês).
A Confederação Nacional
de Municípios (CNM) estima que o Fundo é a maior fonte de recursos de
cerca de 60% das prefeituras de todo o Brasil. Mesmo assim, de acordo com a
entidade, as prefeituras aumentaram em 53% o total de funcionários em seus
quadros na última década (em média).
No mesmo período, a
população cresceu apenas 12%. É nesse contexto, considerados os
maiores empregadores do país (com 6,3 milhões de funcionários), que muitos
municípios dizem atravessar no momento uma das maiores crises dos últimos anos.
Para o professor de Economia
do Ibmec Brasília Renan Silva a crise dos pequenos municípios
acontece por falta de viabilidade econômica da maioria deles. Segundo o
especialista, “há muitos anos estuda-se a possibilidade de integração de
municípios mais pobres a municípios próximos, em busca de equilíbrio
orçamentário”.
Critérios
técnicos x Critérios políticos
Segundo dados do IBGE, o
Brasil possui, atualmente, 5.565 municípios. De 1991 a 2000, foram emancipados
1.016 municípios, o que representou um acréscimo de 18% no total de
prefeituras, na época. Tempos depois, entre 2000 e 2007, surgiram outros 57
novos municípios -- o que equivale a 1% do total. Muitos desses municípios
já eram autossuficientes na época, mas conforme explicou o professor do Ibmec,
uma grande quantidade deles não tinha condições para se
tornar independente.
Portanto, foram essas
localidades foram se emancipando politicamente e gerando ainda
mais despesas para os estados e a União, com a criação de prefeituras,
câmara de vereadores e outros gastos com a formação das novas cidades. Renan
Silva explica que muitos municípios foram criados com base na política,
sem observar os critérios técnicos necessários, em conformidade por
exemplo com a vocação socioeconômica de cada localidade: “Cada município tem
que ter uma geração de riqueza suficiente para suprir seu orçamento”,
explica.
O economista lembra, também,
que há o aspecto administrativo a se considerar: “Entre muitos municípios há um
histórico ruim, de má gestão, como o peso da folha de pagamento extremamente
elevado”, afirma o professor do Ibmec, para concluir em seguida: “A
solução é buscar a vocação econômica de cada município e otimizar o resultado
por meio de arrecadação”.
Poucos recursos
Ao mesmo tempo, o prefeito
de Santarém (PA), Nélio Aguiar, atual tesoureiro da CNM, entende que muitos
municípios encontram-se em situação difícil exatamente porque têm poucos
serviços e mercadorias a oferecer. “É esse o principal motivo que obriga esses
municípios a dependerem do FPM”, defende.
“Qualquer problema com a
FPM, retenção ou alguma queda dos valores do Fundo compromete
diretamente o dia a dia desses municípios, como pagar a folha em dia, a folha
de pessoal em dia, pagamento de fornecedores em dia, e até mesmo os encargos
sociais como o INSS”, alerta Aguiar.
Entenda o FPM
O FPM é um fundo pelo qual a
União repassa, aos municípios, 22,5% do que arrecada com o Imposto de
Renda e o IPI. São três transferências de recursos por mês, feitas a cada
dez dias (por isso o nome “decêndio”). Se a data cair no sábado, domingo ou
feriado, o repasse é antecipado para o primeiro dia útil anterior. O dinheiro
das prefeituras é creditado pelo Banco do Brasil.
Os percentuais de
participação de cada município são calculados anualmente pelo TCU, de acordo
com o número de habitantes de cada cidade e a renda per capita dos estados. Os
municípios são divididos em três categorias: capitais, interior e reserva. As
capitais dos estados e Brasília recebem 10% do FPM.
Os demais municípios
brasileiros são considerados de interior, e embolsam 86,4% do fundo. Já os
municípios de reserva são aqueles com população superior a 142.633 habitantes e
recebem – além da participação como município de interior – uma cota adicional
de 3,6%.
Fonte: Brasil 61 -
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