Seguro Rural: Benefício pode ganhar reforço de saldos remanescentes do PIS/Pasep.
Projeto de Lei que tramita na câmara prevê que saldos não
retirados pelos beneficiários podem ajudar agricultores em momentos de crise.
O El Niño mudou o cenário da agricultura brasileira no ano
passado, alterando padrões de temperatura e precipitação. Para a região Sul, o
fenômeno climático levou chuvas torrenciais. Já o Norte e o Nordeste sofreram
com secas severas. O efeito disso foi sentido na safra agrícola de 2024, que
promete ser pelo menos 4,7% menor que a de 2023.
No meio desse cenário está o produtor rural, que por mais que
faça tudo de forma correta está sempre refém do clima, das pragas e doenças do
campo. Mas um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados prevê a
ampliação do programa de subsidia o Seguro Rural para os produtores. É
o PL 209/24 de autoria do deputado Domingos Neto (PSD-CE).
A proposta que altera a Lei do Seguro
Rural autoriza o uso do saldo remanescente das contas de PIS/Pasep para
ampliar esses recursos, como explica o autor da proposta.
“Nós apresentamos um projeto para que o fundo que ainda
existe no PIS/Pasep, antes de 1988, nessas contas que somam mais de R$ 23
bilhões, possam ser destinados ao Seguro Rural.”
O que é o Seguro Rural
O Seguro Rural é um programa de governo que ajuda os
produtores rurais a custear o seguro contra perdas decorrentes de fenômenos
climáticos adversos e pragas. O auditor contábil, especialista em finanças e
processos de M&A e sócio da Evoinc, Mariano Soares, explica que “a
subvenção do prêmio do seguro rural, por sua parte, é uma forma de apoio em que
o governo cobre parte dos custos do seguro, tornando-o mais acessível para os
agricultores.”
“Isso é especialmente importante em um país como o Brasil,
onde muitas regiões agrícolas são suscetíveis a variações climáticas extremas.
A medida pode encorajar os produtores a investir mais em suas lavouras e
produções, sabendo que têm uma rede de segurança mais robusta”.
Como funcionam os saldos do PIS/Pasep?
Os saldos remanescentes do PIS/Pasep referem-se aos fundos
acumulados nas contas desses programas que não foram sacados pelos
beneficiários dentro do prazo estipulado. Segundo Mariano Soares, “ambos tratam
de contribuições sociais destinadas a financiar o pagamento do
seguro-desemprego, abono e participação na receita dos órgãos e entidades para
trabalhadores públicos e privados".
Com o tempo, alguns desses recursos não são reclamados ou
sacados pelos beneficiários, resultando em saldos remanescentes. Segundo o
auditor, “nos últimos anos, também houve iniciativas para permitir o saque
desses fundos por um período limitado, visando estimular a economia ao
proporcionar um recurso extra para os cidadãos elegíveis”.
Reinvestir na origem do dinheiro
Mesmo sendo a favor do que propõe o PL 209/24, o professor de
economia da FAAP de São Paulo, Sillas Sousa, faz uma ponderação.
“Como esse recurso vem do mundo do trabalho, entendo que um
uso muito mais adequado seria no investimento, por exemplo, em recursos humanos
mesmo. Acredito que esse recurso seria mais aproveitado se ele fosse
encaminhado para alguma iniciativa relativa ao aumento de produtividade, como
educação, pesquisa, ciência e tecnologia”.
Para o professor, o setor agrícola já tem subsídios
suficientes para custear o próprio funcionamento. “A indústria precisa de
incentivos, e sem investir em capacitação, o país acaba ficando para trás”,
avalia Sillas Sousa.
Fonte: Brasil 61 -
Nenhum comentário