Moraes libera acesso público a vídeos e áudios de delação de Mauro Cid.
Material foi captado durante depoimentos do tenente-coronel
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), disponibilizou nesta quinta-feira (20) o acesso público a todo material
em vídeo e áudio que foi captado durante os depoimentos do tenente-coronel
Mauro Cid, que fechou acordo de colaboração premiada com a Justiça e revelou
detalhes sobre um plano de golpe tramado na cúpula do governo do ex-presidente
Jair Bolsonaro.
A transcrição dos depoimentos, todos colhidos em ao menos
cinco dias no ano passado, já havia sido liberada na quarta-feira (19) pelo
ministro, que é relator da investigação sobre a trama golpista.
A delação de Cid, que foi ajudante de ordens e trabalhou ao
lado de Bolsonaro durante todo seu mandato, serviu de base para a denúncia
apresentada na terça (18) em que o procurador-geral da República, Paulo Gonet,
acusou o ex-presidente e o próprio Cid, além de outras 32 pessoas, pelos crimes
de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de
Direito.
Bolsonaro ainda foi denunciado como líder de uma organização
criminosa armada, formada em grande parte por militares da reserva e da ativa,
que estaria preparada para romper a ordem constitucional e usar a violência
para manter o ex-presidente no poder.
Outros crimes imputados aos denunciados foram os de dano
qualificado, agravado pelo uso de violência e grave ameaça ao patrimônio da
União, e a deterioração de patrimônio tombado. Estes ilícitos estão
relacionados aos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de
Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Cid fechou o acordo de delação premiada em setembro de 2023,
diretamente o delegado de Polícia Federal (PF), quando já estava há pelos menos
cinco meses preso preventivamente, sob suspeita de participação numa tentativa
de acobertar o caso do desvio de joias sauditas do acervo presidencial.
Termos
Os termos do acordo também foram tornados públicos por
Moraes. Em troca de revelar detalhes sobre diferentes linhas de investigação
que tinham Bolsonaro como alvo, Cid pediu o perdão judicial pelos próprios
crimes ou, se não fosse possível, que pegasse uma pena de, no máximo, dois anos
de prisão.
O tenente-coronel também pediu que os benefícios fossem
estendidos a seu pai, o general Mauro Lourena Cid, bem como a sua esposa e
filha. Ele solicitou ainda proteção a sua família, o que foi concedido pela PF.
Ao pedir no máximo dois anos de prisão caso seja condenado,
Cid buscou evitar de uma representação por indignidade e incompatibilidade. De
acordo com a Constituição (artigo 142, § 3°, incisos VI e VII), esse tipo de
ação deve ser aberta no Superior Tribunal Militar (STM), obrigatoriamente, se o
oficial receber pena privativa de liberdade superior a dois anos, seja na
Justiça comum ou militar, pela condenação por qualquer crime. A sanção prevista
é a perda de todas as patentes e seus respectivos soldos.
Agência Brasil
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